Cursar um ano de High School na Austrália – o equivalente ao Ensino Médio no Brasil – era o sonho das adolescentes e irmãs gêmeas mineiras Fernanda e Gabriela Mendonça. Para realizá-lo, o cirurgião-dentista José Alfredo Mendonça, pai das meninas, procurou uma agência de intercâmbio. O que ele não esperava, no entanto, era que a escolha errada do local o faria desembolsar R$ 150 mil, sendo que metade desse valor foi em prejuízo.
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Em entrevista ao Brasil Econômico , o dentista conta que a agência de intercâmbio contratada, a Artha Intercâmbio e Turismo, localizada em Belo Horizonte (MG), desviou parte do dinheiro e não pagou o certificado de matrícula para a escola definida pelas estudantes, item fundamental para se obter a permissão de entrada no destino escolhido. “A falta de pagamento ocasionou um atraso de 19 dias no embarque das minhas filhas, forçou uma renovação de vistos e gerou muitas despesas complementares”, explica.
Mendonça precisou realizar muitas reuniões para que, finalmente, após um mês de conversa, a agência pagasse o documento das meninas. Com tudo certo, as gêmeas embarcaram rumo ao país tão desejado. O pai, porém, sabia que os problemas não acabariam em solo brasileiro.
Na Austrália , as filhas passaram por momentos de apuro, e a agência não ofereceu nenhum suporte, descumprindo o que havia sido estabelecido em contrato. “Elas foram assaltadas. Uma sofreu um acidente na praia, precisou ser hospitalizada e a única pessoa que podiam contar era comigo. De longe e de madrugada, por causa do fuso horário e de mais de 15 mil quilômetros de distância, eu tinha que ter controle da situação e não deixar que percebessem a gravidade do problema”, conta o dentista.
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As meninas voltaram ao Brasil em dezembro do ano passado, mas a briga com a agência de intercâmbio ainda está na Justiça, após o processo movido pela família Mendonça por conta da quebra das cláusulas contratuais. “Não tive o cuidado de pesquisar. A escolha foi realizada somente através da empatia com a proprietária da empresa no momento da entrevista. Um erro grave que resultou não só em problemas financeiros, mas também em desgaste emocional”, conclui.
O Brasil Econômico tentou contato com a agência Artha via e-mail e telefone, mas até o fechamento dessa reportagem, não recebeu resposta.
Como escolher uma agência de intercâmbio?
Para evitar o mesmo erro do dentista, Pablo Caldeira, gerente de marketing da Beth Coutinho Viagens, explica que o primeiro passo para encontrar uma agência de confiança é pesquisar bastante antes de contratar o serviço. “Deve ser observado o tempo de mercado da empresa, o atendimento, serviços oferecidos e as certificações de órgãos regulamentadores”, conta.
Durante o atendimento, a agência deve fornecer informações sobre o produto, esclarecer todas as dúvidas e apresentar o destino de forma detalhada. Além disso, também deve oferecer serviços adicionais como emissão de passagens, seguro, cartão de crédito pré-pago e indicar parceiros de confiança para auxiliar na emissão de vistos.
Assim, a decisão final deve ser tomada após o contratante obter boas informações e referências de outras pessoas que já tenham realizado a viagem com a empresa e, claro, com experiências positivas para compartilhar. “Uma visita presencial faz toda a diferença na escolha”, relata Caldeira.
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Ao assinar o contrato, portanto, o cliente não deve se basear somente no preço, mas também no serviço oferecido. Ele deve se sentir confortável e ter afinidade com a empresa, além de construir um bom relacionamento com o vendedor, profissional que irá auxiliá-lo antes, durante e depois da viagem. Com essas dicas, é muito mais provável se livrar de uma agência de intercâmbio fraudulenta e das dores de cabeça de uma escolha errada.