Andrew Grey, um mecânico da Austrália, foi capaz de descobrir todo um sistema estelar através da análise de dados da sonda Kepler. Grey é um dos milhões de “cientistas cidadãos” – pessoas comuns com curiosidade e interesse pela ciência – que ajudam pesquisadores em seus projetos a expandir o conhecimento coletivo da humanidade. Embora a ciência sempre tenha sido de domínio das pessoas comuns até certo ponto, os avanços da tecnologia democratizaram todas as ciências de forma muito mais radical.
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“Trata-se de um esforço coletivo em que qualquer um pode se envolver”, disse o astrofísico da Universidade de Oxford, Chris Lintott ao jornal The Christian Science Monitor (CSM). Linott é também o cofundador da Zooniverse, uma plataforma de projetos de ciência cidadã, que permite qualquer pessoa participar de uma variedade de projetos de ciências online em casa.
O Projeto Via Láctea, agora em Zooniverse, é outro exemplo de que pessoas comuns estão ajudando, aqui elas classificam imagens do espaço. Nesse caso, voluntários estudam imagens de infravermelho do telescópio espacial Spitzer e do observatório do satélite WISE para classificar vários objetos. Cientistas cidadãos ajudaram os astrônomos a criar “yellowballs” (bolas amarelas, em tradução livre), regiões formadoras de estrelas, como parte desse projeto.
A ciência cidadã pode avançar na pesquisa em quase todos os campos, e desde que o reconhecimento de padrões seja parte de um projeto, ele pode se tornar parte da tarefa do cientista cidadão. De acordo com Lintott, qualquer pessoa pode identificar padrões em dados, gráficos ou imagens após um breve tutorial. E enquanto a aprendizagem por máquina permite que os computadores reconheçam padrões, o cérebro humano se distrai facilmente – e nesse caso, é um benefício. Lintott disse ao CMS que observadores distraídos são aqueles que percebem coisas incomuns em conjuntos de dados.
“As pessoas acham que nós somos inteligentes, mas ciência é fácil e nós precisamos da sua ajuda”, afirmou Lintott.
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Ciência colaborativa
As oportunidades recentes para que os 'não cientistas' contribuam têm sido abundantes. Na plataforma da Zooniverse, um projeto dedicado a ajudar as vítimas no furacão Irma começou. Nesse projeto, a ciência cidadã está avaliando imagens de satélite pré e pós-furacão a fim de ajudar os especialistas a produzir um mapa de calor de prioridades urgentes para as equipes responsáveis.
Em julho de 2017, a Nasa pediu que cientistas cidadãos participassem de um experimento durante o eclipse solar de agosto. Os participantes foram responsáveis por coletar dados da temperatura da nuvem e do ar e reportar usando seus smartphones. As observações feitas pelos cientistas cidadãos serão usadas para produzir um mapa interativo.
A diretora do programa de ciência, tecnologia e sociedade da Universidade de Harvard, Sheila Jasanoff, contou a CSM que a ciência cidadã nem sempre é organizada ou dirigida por cientistas profissionais. Ela colocou que “cidadãos que geram conhecimento em locais aonde os órgãos oficiais falharam” pode resultar também em ótimos projetos, como o de teste de água potável em Flint, Michigan, que levou à ampla investigação de saúde pública.
Há muitos projetos de ciência cidadã a fora para se envolver. A plataforma Zooniverse tem muitas oportunidades, assim como iNaturalist, Crowdcrafting e CitSci.org. Para projetos adequados para crianças, confira a sessão de ciência cidadã da Federação Nacional de Vida Selvagem, ou projetos de ciência cidadã da National Geographic, cada uma classificada por nível escolar. Quem sabe – você pode descobrir a próxima área de “yellowball” do espaço que acaba por ser algo realmente legal e significativo, e não importa o que, você avançará a compreensão humana nas ciências.
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*Com tradução de futurism.com