Assim como milhares de pessoas no País, André Rossi tem o ensino superior completo, mas atua em uma área completamente diferente da estudada. Graduado em publicidade e com vasta experiência em grandes agências do trade, decidiu deixar sua carreira de lado para se dedicar a uma antiga paixão: os vinhos. E foi nesse momento que o Winet Club virou um negócio que fatura alto.
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A brusca mudança de área do paulistano de 40 anos aconteceu pelo descontentamento no setor publicitário, que de certa forma, restringia a sua liberdade criativa, diferente do mundo dos negócios . “Antes, eu tinha muito orgulho em colocar as campanhas dos meus clientes na rua. Mas com o tempo, os trabalhos foram ficando muito mais com a cara do cliente do que da agência. Os textos eram do cliente, as imagens eles pediam para mudar. E todo o trabalho da agência em planejar, em criar e produzir ia por água abaixo”, relembra.
Antes da formação acadêmica em 2001, André Rossi – mais conhecido como Déco Rossi – começou a vida fazendo estágio na área marketing da Expand Importadora de vinhos. O empreendedor também passou por renomadas agências como a W/McCann e Young & Rubicam (Y&R), antes de empreender.
Embora seu pai seja um empreendedor , e tenha trazido uma rede de franquias estadunidense ao Brasil, Au Bon Pain, Rossi confessa que nunca teve planos de desenvolver a própria empresa. Até abrir em 2006 uma assessoria esportiva, que mais tarde ficou apenas com o ex-sócio.
Antes do Winet
O empresário conta que sempre se interessou muito pelo vinho e suas peculiaridades. E a vontade de aprender sobre o universo da bebida era tanta, que Rossi frequentava por hobby diversos eventos e degustações. “Depois, como eu gostava de escrever, acabava fazendo reflexões sobre os vinhos experimentados e enviava por e-mail aos meus amigos que também tinham afinidade pelo assunto”.
O compartilhamento controlado seguiu até o momento em que um colega de trabalho da agência publicitária W/Brasil sugeriu a criação de um blog. O empreendedor confessa ter se assustado com as possíveis responsabilidades da manutenção dos conteúdos da plataforma EnoDeco, que foi concretizada em 2008. Porém, se surpreendeu, e viu como no final das contas era simples e divertido manter o canal.
“Com seis meses de existência, um amigo meu ligou e perguntou se eu tinha visto que o EnoDeco tinha sido indicado como um dos 10 melhores blogs de vinho no Guia 4 Rodas. Neste momento, eu parei tudo o que estava fazendo para ir atrás de uma banca de jornal. E quando achei, lá estava ele na lista”.
Mas o que chamou a atenção da revista? Nem mesmo Déco Rossi sabe dizer, pois o blog era totalmente despretensioso, apenas com opiniões sobre os vinhos e os respectivos eventos, conta ele em sua entrevista ao Brasil Econômico.
Mudança de carreira
O empresário relembra que a saída do EnoDeco na mídia foi importante para a sua decisão de mudar de carreira. Convites de mais eventos surgiram, e renomados enólogos e produtores de vinho tornaram-se conhecidos.
“Este universo foi me encantando à medida que a publicidade foi me chateando. O bichinho do vinho foi comendo pelas beiradas, quando vi estava lendo mais sobre o assunto e me interessando mais por esse mundo”.
A frustração com o emprego e as diversas pessoas o encorajando a mudar de área de atuação, fez com que Rossi enfim estudasse o mercado de vinhos para ver o que tinha em mãos. Entre as técnicas de pesquisa, o empresário perguntou a si “O que eu, como consumidor, sinto falta no mercado?”.
Você viu?
E veio a resposta: Clube de vinhos. “Mas não um daqueles gigantes que ainda hoje existem, mas um que aproximasse as pessoas da bebida, que os sócios pudessem saber quem escolhe o vinho e que os vinhos enviados não fossem encontrados facilmente em supermercados ou lojas. Algo bem exclusivo”.
Além disso, o empreendedor pensou em unir as suas consultorias para montar e catalogar adegas, palestras e cursos, harmonizações e fornecimento de vinhos para consumidores finais e corporativos.
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Como surgiu o Winet Club
Ciente de que no Brasil o conhecimento técnico de vinho ainda é escasso, o empresário investiu no aprendizado em Nova Iorque, no International Wine Center, ao mesmo tempo em que construía e planejava o tão desejado clube.
A inauguração do Winet Club aconteceu após um ano, em 2010. Hoje, sete anos depois, o empresário ainda continua prestando consultorias a seus clientes, por meio de palestras e cursos, além das vendas da bebida por meio do clube. O blog também continua ativo. E não para por aí, Déco Rossi também produz seu próprio vinho em Mendoza, na Argentina.
Dificuldades
De acordo com o empresário, a maior dificuldade de ter um negócio é gerenciar o fluxo do caixa nos períodos mais difíceis financeiramente e a tributação nacional.
Apesar de essas serem as coisas mais desafiantes, o empresário relembra que quem tem interesse em abrir um negócio deve se planejar cuidadosamente, e enxergar o projeto não apenas como outra fonte de renda, porque na realidade ele é mais que isso.
Comunicação, planejamento operacional e financeiro são os principais itens a serem acertados. Além do estudo do mercado para identificar oportunidades e ameaças do ramo. Mas e as vantagens? Bom, um ponto positivo em ter o próprio negócio é que, para Rossi, a empresa depende muito mais do dono do que da equipe, uma vez que é ele quem estabelece as regras do local.
“Sem dúvida, no negócio próprio, você trabalha muito mais. Acorda e dorme trabalhando. E a sensação de estar trabalhando para você mesmo, em algo que você escolheu, acredita e gosta, é indescritível. A paixão por aquilo que você faz é essencial para se trabalhar feliz e ter sucesso”.
Sobre o momento atual da economia, Rossi conta que, assim como todo empresário, teve que se desdobrar para ser impactado da menor forma possível pela crise. Entre as medidas tomadas, optou por expandir o conteúdo das palestras, passou a oferecer cursos com maior tempo de duração e a buscou boas oportunidades de negócios aos seus clientes.
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Público
Sobre o público de seus negócios, Rossi responde que boa parte das pessoas atendidas o procuram com o intuito saber sobre as coisas mais básicas do cotidiano maisa, alpem do interesse pelas curiosidades gerais da bebida. Mas ele ressalta que entre essas pessoas há sempre aqueles que querem conhecimentos mais complexos e técnicos sobre uvas, regiões diferentes de cultivo, etc.