O anuncio de redução da taxa básica de juros – Selic – em 1 ponto percentual nesta quarta-feira (26) gerou divergências entre entidades setoriais. Enquanto algumas mostraram satisfação com a queda anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom), do Banco Central (BC) outras criticaram e afirmaram que o Banco Central trabalha para interesses contrários ao do setor produtivo.
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Por meio de nota, o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, criticou o corte de apenas 1 ponto percentual na taxa básica de juros - Selic. “Com queda de apenas 1 p.p na taxa, não há dúvida de que o Banco Central está reduzindo a Selic muito mais devagar do que poderia. Afinal, a inflação está em queda e, hoje, a projeção do mercado é de que encerre 2017 em 3,3%, mais do que 1 ponto percentual abaixo da meta de 4,5%”, disse ele.
Skaf aproveitou a repercussão do anuncio do novo indicador para relembrar que a retomada da economia está lenta, a perspectiva da mesma foi reduzida pelo mercado financeiro no começo desta semana e que o desemprego está em nível alarmante, com 14 milhões de desempregados . “O BC está com a preocupação errada; a inflação está sob controle. O que o Brasil precisa, no momento, é retomar o crescimento e gerar novos empregos. E isso só vai acontecer com juros mais baixos”, enfatizou ele.
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A opinião foi compartilhada pelo presidente da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), Alencar Burti. Para ele, o BC perdeu oportunidade de fazer uma redução maior da taxa Selic. “A decisão foi acertada e seguiu o consenso do mercado. É uma queda expressiva, que traz a Selic de volta para um dígito após muito tempo. Mas como a inflação ficou abaixo do piso da meta ― segundo o dado mais recente ― o colegiado poderia ter feito um corte mais ousado dos juros, como era o nosso desejo. O Banco Central perdeu uma oportunidade”, argumentou Burti.
Decisão acertada
Já na opinião do presidente da Confederação Nacional das Indústrias (CNI), Robson Braga, a redução de 1 ponto percentual – ao passar a taxa Selic de 10,25% para 9,25%– ajudará na recuperação econômica do Brasil. “Isso favorecerá a recuperação das condições financeiras das famílias, o que é essencial para a recuperação da atividade e do emprego”, disse ele. Braga aproveitou para cobrar a aprovação da Reforma da Previdência, para que a economia saia da recessão. "A recuperação do consumo e dos investimentos deve ser acompanhada das reformas estruturais, como a da Previdência Social , que são fundamentais para o equilíbrio das contas públicas e a consolidação do crescimento sustentável do País".
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