CredFácil: conheça a história do presidente da rede de empréstimos consignados
“Não pensei duas vezes, pedi minha demissão sem saber por onde começar, e com meu acerto montei a minha empresa”, confira como tudo aconteceu
Por Denise Kanda | - Brasil Econômico |
A vida empreendedora do presidente da CredFácil, André Oliveira, começou cedo, aos 13 anos de idade, quando iniciou o próprio negócio ao lado de seu irmão, Adriano. A vida humilde de sua família impulsionou a decisão da dupla de vender “geladinhos” para algumas regiões de Umuarama, interior do Paraná, cidade em que viviam naquela época.
Leia também: Empreendedorismo: veja histórias de quem já faliu e hoje fatura milhões
Após o período escolar, André e Adriano passavam o dia batendo em portas e mais portas atrás de clientes interessados no doce. “Planejei meta diária e o controle dos gastos de produção, enquanto não vendia todos os ‘geladinhos’ não ia para casa”, conta Oliveira ao relembrar que ainda nessa época desenvolveu com o irmão: o público alvo, os melhores locais para fazer as vendas, e a pesquisa de mercado para identificar os sabores que mais eram vendidos. Tudo o que um negócio precisa ter definido para funcionar bem, não importando se é algo simples ou mais complexo, como a CredFácil
.
A vontade de garantir a renda não parou por aí. Oliveira, sempre levou a sério o conselho dos pais de que os objetivos apenas são alcançados com muita dedicação. Entrou para a faculdade de administração, entretanto a falta de recursos era um obstáculo que apenas foi superado com a ação do espírito empreendedor, visto que na época a única fonte de renda era o trabalho em uma concessionária, que fornecia um salário mínimo por mês.
“Busquei uma alternativa e comecei a vender pão caseiro que minha sogra fazia e cosméticos de venda direta. Eu queria de qualquer maneira o meu diploma universitário”. A renda extra, porém não garantia um conforto financeiro. André Oliveira recorda que muitas vezes não tinha dinheiro para comer durante os intervalos da faculdade, e que aproveitava os restos deixados nas mesas para sanar a fome.
As dificuldades não pararam por aí, a simples moto comprada no período por meio de um consórcio ficou apenas três meses com o empresário após um roubo.
Reviravolta
Oliveira define que a mudança veio por sorte, quando ele foi chamado para trabalhar na antiga Finasa, promotora de crédito do Banco Bradesco, como operador de veículos.
Sempre visando o futuro, Oliveira esperava a rápida promoção à gerência, uma vez que nos três anos de dedicação se mostrou muito ativo e com muitos bons resultados para o banco, até que em uma noite sonhou que era dono de um negócio chamado CredFácil. “Não pensei duas vezes, pedi demissão sem saber por onde começar, e com o acerto montei a minha empresa”.
Como o pai do empresário sempre trabalhou por conta própria, ele teve muito aprendizado e influência diante de seus olhos, sendo que um dos negócios do pai foi uma alfaiataria. Outra inspiração de Oliveira, mas que veio de experiências negativas, foi encarar com sabedorias as “piadas” maldosas que ouvia na rua onde morava, por conta de sua condição financeira. Diante disso surgiu a vontade de provar para todos que era capaz de ser bem sucedido.
E nesse momento ele tirou do papel a CredFácil, em 2004. A experiência no mercado financeiro o fez criar um rede com 20 lojas de concesão de crédito em quatro anos. Entretanto, assim como outros agentes financeiros, a crise de 2008 afetou de forma brusca suas operações.
Crise de 2008
A superação em abrir o próprio negócio não foi a última dificuldade enfrentada pelo empreendedor. Com a famosa crise de 2008, eclodida nos Estados Unidos, os bancos ficaram sem recurso para captação no exterior, repercutindo em escassez nas linhas de crédito. Embora as fontes tenham secado, a demanda por crédito não acompanhou a lógica, fazendo com que Oliveira tivesse público, mas não linhas disponíveis para ofertar aos clientes.
Você viu?
Antes de tomar uma das decisões mais difíceis por ele – que foi desligar mais da metade dos colaboradores –, o empreendedor conseguiu se manter minimamente estável por seis meses com o capital de giro. “Chegou o momento que não tinha mais como continuar, e decidi fechar 18 lojas e ficar com apenas duas até o mercado voltar totalmente em 2009, ao lado do meu irmão e sócio Adriano”.
Quando questionado se não seria mais vantajoso trocar de negócio, Oliveira avalia que essa mudança foi considerada, mas que naquele momento não seria positivo, pois não se identificava com nenhuma outra atividade. Além da não vontade de voltar a ser empregado. Oliveira revela que na época também levou em consideração que muitos concorrentes iriam quebrar com a crise, e se manter de pé seria uma vantagem e tanto para quando o mercado retornasse a normalidade.
Um ano após o boom da crise de 2008, a CredFácil subiu mais um degrau. A empresa virou franquia. A saída, além de garantir uma venda em escala, também proporciona a oportunidade de investimento para quem deseja ter o próprio negócio. “Já que tinha muitas pessoas querendo entrar em meu negócio e eu ensinava de graça - como um parceiro - foi daí que surgiu a grande sacada. Já que eu também não tinha mais capital para montar lojas próprias, então decidi partir para o franchising”.
A abertura de franquias, de acordo com Oliveira, foi um dos elementos que ajudou na superação desta última crise. Porém, ele não deixa de citar que tudo depende muito do franqueado na ponta, e das manutenções – reciclagens - feitas periodicamente, uma vez que o seu mercado é muito dinâmico.
Leia também: Do corporativo ao e-commerce próprio: veja como surgiu a We Love Focinhos
Inspiração
Os anos de empreendedorismo mostraram a André Oliveira que a maior dificuldade no seu negócio em específico, não é o dinheiro, e sim o foco e o tempo gasto com a empresa. A regra, de acordo com ele, se aplica também à vida pessoal. “Procuro me superar sempre, em ser o melhor pai, o melhor marido, melhor amigo. Gosto de fazer tudo com excelência”.
Para quem estiver pensando em abrir o próprio negócio, Oliveira conta que o empreendedor deve ser uma pessoa com visão em longo prazo, e que saiba arquitetar estratégias diferentes dos seus concorrentes, além de ser muito corajoso. “Ser empreendedor exige bem mais do que ser um empregado, pois o negócio requer mais cuidados e acompanhamento. Podemos dizer que para ser empreendedor não tem hora e nem dia.” A vantagem? Oliveira conta que são maiores resultados financeiros.
Mesmo que o empresário acredite que a motivação é algo que parte do interior de cada um, ele garante que ninguém chega a lugar nenhum sozinho, e que o ideal é criar um negócio que te ofereça escala. E ele ressalta que estar preparado para receber críticas é essencial.
Novidade
E a persistência e determinação do fundador da CredFácil acabaram de gerar mais um resultado. Recentemente, a financeira inaugurou a primeira loja em Salvador, Bahia, que será liderada por Bianca Trindade. Até o final de agosto, a franqueada espera gerar 10 empregos diretos, entre cargos de gerentes e operadores de telemarketing, com previsão de faturamento de R$ 1 milhão para os próximos cinco meses. Parece que mais um sonho acabou de ser iniciado, não é mesmo?
Leia também: De sargento a empreendedor: conheça Renato Saraiva, fundador do CERS