Cerca de 38% dos empresários fogem do crédito por conta dos juros, diz CNDL

Burocracia no processo de aprovação do empréstimo e dificuldade de manter operação da empresa também são empecilhos para os empresários

SPC Brasil e CNDL: no total, 58% dos varejistas nunca utilizaram ou buscaram crédito na forma de empréstimos ou financiamentos
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SPC Brasil e CNDL: no total, 58% dos varejistas nunca utilizaram ou buscaram crédito na forma de empréstimos ou financiamentos

De acordo com um levantamento realizado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), as altas taxas de juros cobradas por entidades financeiras são o principal motivo para os empresários do comércio e serviços não buscarem crédito para investir e desenvolver negócios, com 38% das menções. 

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Outro motivo apontado pela pesquisa do SPC Brasil é a burocracia no processo de aprovação de um empréstimo, citado por 12% dos entrevistados. A dificuldade na manutenção da operação da empresa com recursos próprios também foi outro fator evidenciado, com 44% das menções na pesquisa. No total, 58% dos varejistas nunca utilizaram ou buscaram crédito na forma de empréstimos ou financiamentos.

Em relação aos últimos 12 meses, somente 9% dos comerciantes e empresários do ramo de serviços tomaram recursos emprestados de terceiros, enquanto 5% tentaram fazê-lo, mas não obtiveram sucesso, 3% desistiram e 2% tiveram crédito negado.

“Com a demanda do consumidor retraída e a atividade econômica estagnada no País, inclusive com piora dos índices de empregabilidade e de renda, o empresariado brasileiro tem se mostrado pouco interessado em aumentar investimentos em seus negócios. Embora a Selic se encontre em uma trajetória consistente de queda, os juros praticados pelas instituições financeiras seguem altos, o que infelizmente contribui para inibir a busca por crédito”, afirmou o presidente da CNDL, Honório Pinheiro.

Por outro lado, a flexibilização da documentação exigida foi apontada por 49% dos entrevistados como uma das medidas que poderiam aproximar o empresariado do crédito, assim como a alteração na política de garantias e diminuição de exigência de capital próprio, ambas com 38% e das exigências quanto ao plano de negócio, com 35% das menções.

Além disso, 57% dos empresários do varejo acreditam que linhas de financiamento bancário podem estimular os investimentos, bem como aumentar a produtividade e competitividade da empresa. Dentre uma nota de 1 a 10 para a importância do crédito no crescimento e manutenção do negócio, em que 10 representa máxima importância, os entrevistados atribuíram média 6,1, sendo que 47% deram nota acima de 7.

Burocracias

Apontado por 44%, atestar a situação legal da empresa está entre os principais processos e burocracias enfrentados por aqueles que contrataram crédito. A necessidade de um avalista, a garantia de bens e a elaboração do plano de negócios também foram considerados empecilhos, com 23%, 20% e 15%, respectivamente.

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Já os bancos públicos aparecem como o melhor tipo de instituição financeira para a busca de créditos, com 28% das respostas dos empresários, enquanto os bancos privados foram identificados como a melhor escolha por 17%. Outros 55% são indiferentes. É importante lembrar que a preferências pelos bancos públicos é justificada pela concepção de  que praticam juros mais acessíveis e são instituições seguras e de credibilidade, com  59% e 14%.

Mesmo assim, a nota média para o sentimento de amparo do governo nas políticas de acesso ao crédito foi de apenas 3,3 pontos. No total, 47% dos empresários entrevistados não conhecem nenhuma linha de financiamento, e entre os que conhecem, as mais evidenciadas foram as do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES), com 49%.

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Entre os 28% dos empresários que afirmaram ter dificuldades no negócio devido à falta de crédito, cerca de 54% admitiram não ter conseguido comprar mercadorias e matérias-primas e 46% asseguraram não poder, ao menos, organizar o orçamento da empresa por conta da escassez de recursos.

Orientadores

Para 33%, a taxa de juros foi o principal fator para a escolha da instituição, mesmo com 69% dos empresários não se lembrando da alíquota cobrada pela entidade. Já 36% não foram cuidadosos no que se diz respeito à comparação das taxas de juros das instituições e 17% não avaliaram o custo total do empréstimo.

Entre os que se lembraram do valor contratado, a média é de aproximadamente R$ 36 mil, sendo que 27% tomaram um valor inferior a R$ 20 mil. Para 54% dos empresários, o valor foi suficiente para cumprir as metas traçadas, entretanto foi insuficiente para 46%. O prazo para o pagamento do empréstimo foi em média de 22 meses.

Cerca de 83% dos empresários que tomaram empréstimo alegaram conseguir pagar todas as parcelas em dia, enquanto 11% admitiram atrasos, assim como 5% que reconheceram ainda ter parcelas em atraso. Além disso, antes de contratar o empréstimo, 8% dos entrevistados disseram não ter avaliado a possibilidade de conseguir pagar todas as prestações.

Quatro em cada 10, ou seja, 40% dos entrevistados apontaram os bancos como os principais orientadores na hora de tomar crédito. Os contadores também foram evidenciados por 14% e a internet por 11%. No mesmo processo, somente 2,6% mencionaram empresas de consultoria especializada, enquanto 61% afirmaram contar com a ajuda de terceiros para preencher a documentação necessária.

Investimentos

Levando em consideração o futuro, o SPC Brasil apontou que 66% dos empresários não planejam investir nos próximos 90 dias. Em contrapartida, 22% mostraram essa intenção, ante a 12% que estão indecisos. Com a minoria que pretende investir, o capital próprio deve bancar os investimentos em 60% dos casos. Há ainda 18% que apresentaram a venda de algum bem como recurso para gerar capital próprio. O empréstimo em bancos e financeiras foi citado por 20% e o empréstimo com amigos e familiares por 4%.

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