Cerca de R$ 22 bilhões foram liberadores bancos de montadoras e instituições independentes no primeiro trimestre deste ano para financiamentos de veículos. Este valor é 18,4% superior ao registrado no mesmo período de 2016.
Leia também: Empréstimos feitos pelo BNDES registram queda de 15% entre janeiro e abril
Segundo dados divulgados no boletim da ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), o CDC (Crédito Direto ao Consumidor) foi responsável por 50% dos financiamentos fechados no primeiro trimestre deste ano. Na sequência ficou o modelo de consórcio, com 5%. O leasing teve apenas 1% do total. As compras à vista atingiram a marca de 44%.
Para Gilson Carvalho, presidente da entidade, os núemeros indicam que o consumidor continua cauteloso, mas a redução da taxa Selic o deixa mais confiante no momento de investir para comprar um bem com maior valor agregado, como um carro novo, por exemplo. “A confiança está voltando aos poucos. Aliado a isso, precisamos que as pessoas recuperem sua renda e voltem a ter crédito. Esses são os três pilares que impactam o setor”, diz.
No que diz respeito ao segmento dos veículos pesados, o Finame respondeu por 62% dos negócios. Na sequência vieram os financiamentos (16%), as compras à vista (13%), consórcio (6%) e o leasing (3%).
“Com a entrada do novo Finame TJLP 2017, que inclui a nova regra que beneficia as empresas com faturamento até R$ 300 milhões, aliada à redução da taxa Selic, o mercado de caminhões e ônibus ganhou novo fôlego. Os primeiros resultados já são visíveis e esperamos uma aceleração para o próximo trimestre”, afirma o vice-presidente setorial de veículos comerciais da ANEF, Bernd Barth.
Modalidade de crédito mais procurada pelos compradores de moto desde o ano de 2014, o consórcio caiu para a segunda colocação nesta categoria, tendo registrado o total de 33% dos negócios. A preferência do consumidor neste período foi o financiamento, responsável por 36% dos contratos. As compras à vista ficaram na terceira posição, com 31%.
“A redução das taxas de juros e o aumento do Índice de Confiança do Consumidor que, em março de 2017, atingiu seu maior patamar desde dezembro de 2014, contribuíram diretamente para este resultado. Já o consórcio apresentou uma queda maior no volume de emplacamentos, impactado principalmente pela redução da carteira ativa nos últimos anos. No entanto, a modalidade se mantém como um importante pilar para o segmento, principalmente pela sua estabilidade nas entregas, variando menos que o financiamento ao longo dos anos", explica o vice-presidente setorial de motocicletas da ANEF, Ricardo Tomoyose.
Recursos liberados
Durante o primeiro trimestre, a soma de recursos liberados chegou a R$ 22,4 bilhões, aumento de 16,4% na comparação com o mesmo período de 2016. Para as operações de CDC foram destinados R$ 22 bilhões (crescimento de 18,4% em doze meses) e para o leasing, R$ 370 milhões (recuo de 41,3% em relação ao mesmo período do ano passado).
Com base nos resultados alcançados nos três primeiros meses deste ano, a ANEF mantém as suas projeções para 2017. “O saldo de financiamentos para a compra de veículos e motocicletas deve somar R$ 166,7 bilhões, um pequeno aumento de 2,5% na comparação com o ano passado. Já o total de recursos liberados deverá registrar uma elevação de 5,5% e somar R$ 86,7 bilhões”, afirma Gilson Carvalho.
Você viu?
Leia também: Brasil registra 59,8 mil novas vagas formais de trabalho em abril, aponta Caged
Números de março
No mês de março, foram liberados pelos bancos R$ 8,3 bilhões em financiamentos, maior volume de recursos registrado nos últimos dois anos. O melhor resultado neste período havia acontecido em janeiro de 2015, quando foram liberados R$ 8,4 bilhões. Na comparação com fevereiro, a alta foi de 28,5% e, em relação ao mesmo período do ano passado, 23,9%. Para as pessoas físicas foram destinados R$ 7,4 bilhões, enquanto para as pessoas jurídicas, R$ 919 milhões.
Em relação ao saldo das carteiras, o mês de março somou R$ 161,7 bilhões, o que representa uma queda de 0,5% na comparação com o mês anterior e de 8,5% em doze meses. Desse total, os financiamentos responderam por R$ 157,6 bilhões, o que representa uma queda de 0,4% em relação ao mês anterior e de 7,9% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Os R$ 4,1 bilhões restantes representam as operações de leasing, que tiveram diminuição no volume de negócios de 2,4% na comparação com fevereiro e de 25,5% em relação ao mesmo período de 2016.
O saldo de crédito para aquisição de veículos para pessoas físicas e jurídicas corresponde a 2,6% do PIB (Produto Interno Bruto). No mesmo período do ano passado, esse indicador era de 2,9%, recuo de 0,3 ponto percentual . O volume representa 5,2% do total do crédito do SFN (Sistema Financeiro Nacional) e 10,5% do total das operações de crédito – Recursos Livres.
Falta de pagamento
A taxa de inadimplência nas operações de CDC foi de 4,5% em março – tanto para as pessoas físicas quanto para as jurídicas. Para o primeiro grupo, houve recuo de 0,1 ponto percentual na comparação com fevereiro. Essa também foi a redução registrada em doze meses. No segmento das empresas, foi registrado recuo de 0,2 ponto percentual na comparação com o mês anterior e de 0,9 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano passado.
Já na carteira de leasing, o índice de pessoas físicas que deixaram de quitar seus compromissos foi de 3,7 pontos percentuais, redução de 0,1 ponto percentual em relação ao mês anterior e de 0,9 ponto percentual na comparação com o mesmo período de 2016. Entre as pessoas jurídicas, a taxa foi um pouco menor, de 3,6%, mesmo índice registrado em março do ano passado, mas com alta de 0,2 ponto percentual na comparação com fevereiro.
Juros
Os juros aplicados pelos bancos ligados às montadoras seguem mais atraentes se comparados com os que são adotados pelas instituições independentes. Em março, as entidades associadas à ANEF cobraram juros de 22,42% ao ano e 1,7% ao mês, enquanto os independentes trabalharam com índices 24,8% e 1,83%, respectivamente. O prazo médio das concessões é de 41,9 meses. Já o prazo máximo oferecido pelos bancos é de 60 meses.
A ANEF
A Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras é responsável pela representação de suas marcas associadas junto aos órgãos do governo, de entidades de classe e associações congêneres.
Leia também: IGP-10 desacelera em maio, com deflação acumulada de 0,81%
A entidade busca divulgar, esclarecer e prestar informações, tanto à imprensa quanto aos consumidores em geral, sobre as modalidades de financiamentos nos segmentos de automóveis, ônibus, caminhões e motocicletas. Atualmente, a ANEF representa 15 marcas e suas respectivas estruturas de serviços financeiros, o que inclui os bancos, as empresas de arrendamento mercantil e as administradoras de consórcios vinculados à indústria automotiva.