O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo, o IPCA, foi criado com o objetivo de medir a variação dos preços no comércio para o consumidor. Calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) desde 1980, ele se refere às famílias com rendimento monetário de até 40 salários mínimos. O governo define a meta da inflação no Brasil por meio deste valor, que é cotado mensalmente.
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Apesar disso, algo que poucos discutem diz respeito ao indivíduo e sua inflação pessoal. Percebe-se que, para a maior parte dos brasileiros, o custo de vida tem aumentado, mas ninguém sabe ao certo de quanto é este acréscimo.
"É muito comum ouvir que 'trabalho mais do que meus pais trabalhavam, ganho mais, mas mesmo assim não consigo manter o mesmo nível de vida que eles tinham a 30 - 40 anos atrás' ou que 'A vida está muito mais cara hoje em dia'. Isto acontece não porque estamos ganhando menos, mas, sim, porque perdemos o poder de compra de nosso patrimônio sem sentir", afirma Fernando Marcondes, planejador financeiro do grupo GGR.
Pelo fato de ainda não existir o costume de fazer um planejamento patrimonial de longo prazo no Brasil, o investidor incorre em alguns erros quando analisa seu capital e o compara com a inflação. Grande parte deles não faz os cálculos considerando o impacto dos aumentos reais que teve em suas despesas mensais e, dessa forma, acaba perdendo o poder de compra sem sentir.
"Se, por exemplo, o seu patrimônio render 1% ao ano (líquido de impostos e taxas) abaixo do que for a variação de sua inflação pessoal, ou seja, quanto variou suas despesas com bens e serviços (alimentação, moradia, educação, saúde, lazer, viagens) mantendo um certo padrão de vida, isto pode não despertar grandes preocupações na maioria das pessoas, pelo menos no curto prazo, mas, ao final dos 40 anos, o impacto é inevitável e relevante”, diz Marcondes.
“Considerando que a 40 anos atrás, fosse preciso $ 100 moedas para cobrir 100% das suas despesas com bens e serviços mantendo um certo padrão de vida, supondo que a remuneração do seu patrimônio tenha sido de 10% ao ano (líquido de impostos e taxas), hoje você teria um patrimônio equivalente a $ 4.625 moedas para cobrir mesmas despesas, mas como as suas despesas tiveram uma variação de 11% ao ano (1% acima do que remunerou seu patrimônio), para manter o mesmo padrão de vida, hoje seria preciso ter $ 6.600 moedas para comprar os mesmos bens e serviços de 40 anos atrás, ou seja, o mesmo montante remunerado teria o poder de comprar hoje 70% das mesmas despesas que eram anteriormente, uma perda de 30% do seu poder de compra, forçando você gastar menos, diminuindo o seu padrão de vida, ou ganhar mais para poder mantê-lo”, continua o planejador.
Frente ao quadro apresentado, e com essa desvalorização do capital podendo representar grandes perdas para o investidor no longo prazo, Marcondes, apesar de saber que é um índice muito utilizado pela mídia e governo, tem uma opinião diferente sobre a importância do IPCA. O especialista diz que a atenção de quem investe deve estar no custo de vida pessoal em relação ao retorno do seu investimento.
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"Não importa se a inflação em 2017 avançou em 4,08% nos últimos 12 meses, interessa saber o quanto variou o custo de vida de cada um, o quanto você precisa a mais de dinheiro hoje para manter o mesmo padrão de vida do passado”, analisa Fernando Marcondes. Se o investidor deseja usar o retorno bruto do patrimôniocomparado ao IPCA para conter as perdas do poder de compra, Marcondes explica que é um péssimo caminho "Muitas vezes, o retorno bruto pode até superar a perda do poder de compra de seu patrimônio, mas se descontar o imposto que é cobrado sobre seu ganho, isso representará um retorno menor, na realidade seu patrimônio pode não ser capaz de comprar as mesmas coisas se comparado ao mês ou ano passado", analisa o sócio da GGR investimentos.
Marcondes também fala sobre o poder de compra do consumidor. Criador do Modelo BPC (Blindagem do Poder de Compra) de planejamento financeiro, o especialista aplica uma metodologia pouco utilizada no Brasil, na qual não importará se a bolsa vai cair ou subir ou se o dólar vai valorizar ou desvalorizar, ou seja, a oscilação do mercado financeiro que tanto assusta.
Em médio e longo prazo, o investidor sempre terá que buscar um ganho considerável acima da inflação (IPACA) para poder buscar a proteção do seu poder de compra real. “Quase 100% dos investidores não fazem corretamente o planejamento e, por não o fazerem, perdem poder de compra sem sentir ou deixam de aproveitar a oportunidade de protegê-lo”, afirma.
Até mesmo as pessoas que entendem do assunto, caso não tenham um auxílio adequado, no final podem ficar perdidos em seus investimentos, seguindo de maneira pragmática para o investimento “da moda”, ou com um falso sentimento de proteção do poder de compra real.
"Atendemos clientes que chegaram achando que, por diversificarem o patrimônio estariam seguros. Quando perguntava qual era o critério e metodologia que empregavam, ficavam simplesmente perdidos em suas respostas. Outros deixavam grande parte imobilizada no investimento em imóveis, com uma mentalidade de que era o único investimento seguro que existia há várias décadas passadas, não chegavam a considerar a oscilação do mercado imobiliário e de que, com inadimplências e outros problemas relacionados com o aluguel, ainda poderiam trazer gastos extras", finaliza.
IPCA de abril
O IBGE divulgou os resultados do IPCA em abril nesta quarta-feira (10). O índice apresentou uma variação de 0,14% no mês, ficando 0,11 ponto percentual abaixo do resultado de março, quando o indicador apresentou variação de 0,25%.
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Também foi mostrado pelo levantamento do IBGE que, considerando o acumulado do ano, o resultado da inflação está em 1,10%, percentual inferior se comparado aos 3,25% do mesmo período do ano passado. Já nos últimos 12 meses, o índice teve retração para 4,08%, inferior aos 4,57% do mês anterior, evidenciando a menor taxa registrada em 12 meses desde julho de 2007, quando ficou em 3,74%.