De acordo com o Indicador de Crédito e de Propensão ao Consumo, calculado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL), cerca de 32% dos consumidores fecharam o mês de março no vermelho, sem conseguir pagar todas as contas. Em contrapartida, apenas 15% ficaram no azul, com sobra de dinheiro.
Leia também: Novo golpe no WhatsApp usa promoção falsa da Kopenhagen como armadilha
O indicador ainda mostrou que desses compradores, 12% têm intensão de reservar o dinheiro extra, enquanto 4% pretendem gastá-lo. “Tal situação pode ter sido agravada pela crise, mas sofre influência também da falta de planejamento do orçamento pessoal. Organizar as finanças de forma que seja possível a formação de uma reserva para lidar com os imprevistos e emergências é essencial para que haja tranquilidade, e pode evitar o endividamento em momentos de maior dificuldade financeira”, explicou a economista-chefe do SPC Brasil , Marcela Kawauti.
Estimativa
O levantamento também evidenciou que 63% dos consumidores planejam cortar gastos totais neste mês de abril. Supermercado, água, luz, telefone, transportes, roupas e lazer fazem parte dos itens a serem reduzidos. Para 23% dos entrevistados, essa tomada de decisão tem como intuito economizar no mês. Já para 18% a ação foi impulsionada pelos preços elevados e para 14% por uma redução sofrida em seus respectivos ganhos.
Por outro lado, 28% afirmaram querer manter o mesmo nível de gastos e 7% manifestaram a intenção de aumenta-lo. Em relação aos produtos que os consumidores estimam comprar, itens de farmácia aparece em primeiro lugar, com 29%. Em seguida ficaram: recarga de celular, com 25%, roupas calçados e acessórios, com 22%, perfumes e cosméticos, com 17% e materiais de construção, com 10%.
“Com os preços mais controlados e uma redução na restrição ao crédito, é de se esperar que o consumo se recupere aos poucos. A inflação tem começado a ceder e, com isso, a queda nas taxas de juros deve se manter nos próximos meses. É de grande importância que o consumidor, diante deste cenário de recuperação econômica, aproveite para se organizar na formação de uma reserva e consuma com cautela, buscando evitar o endividamento e propiciando para sua família uma vida financeira saudável e sustentável”, afirmou o presidente do Serviço de Proteção ao Crédito, Roque Pellizzaro Junior.
Você viu?
Leia também: Rede de lojas deverá indenizar ex-funcionário que ficou sem carteira de trabalho
Modalidades de crédito
Em uma escala de 0 a 100, o estudo propôs medir a utilização das principais modalidades de crédito pelos consumidores no terceiro mês do ano. Quanto mais próximo de 100 o indicador estiver, maior o uso do crédito e quanto mais distante, menor. Em março, foram registrados 24,6 pontos, abaixo dos 27,9 pontos de fevereiro. Empréstimos bancários, financiamentos, cartões de crédito, de loja, crediários e limite do cheque especial estão inclusas nas modalidades.
Em termos percentuais, cerca de 37% dos compradores afirmaram ter utilizado algum tipo de crédito, sendo o cartão de crédito o mais utilizado, com 21% e gasto médio de R$ 902,74. Cartão de loja e crediário apareceu em segundo lugar, com 14% e gasto médio de R$ 354,40, seguido do limite de cheque especial, com 7%, empréstimos, com 5% e financiamento, com 4%.
No que se diz respeito aos consumidores que usaram o cartão de crédito em fevereiro, 38% disseram perceber um aumento no valor da fatura, enquanto 37% asseguraram a permanência do mesmo valor. Já para 19% houve diminuição. Itens de supermercado lideraram a lista de bens comprados, com 62%, assim como a compra de remédios e itens de farmácia, com 47%.
No caso do crediário ou cartão de loja, roupas, calçados e acessórios ocuparam o primeiro lugar da lista, sendo citados por 49% dos consumidores. Já entre os que possuem financiamentos, 30% relataram utilizar para comprar carro, 12% para eletrônicos, 12% para eletrodomésticos, 11% para faculdade, 10% para apartamento e 10% para casa.
“Antes de utilizar qualquer tipo de crédito, é importante avaliar se a compra é mesmo necessária e se não é possível aguardar para juntar o valor, levando o item à vista. Caso a compra seja inadiável, o consumidor deve buscar informação sobre as taxas de juros e verificar se as parcelas caberão em seu orçamento”, concluiu a economista-chefe do SPC Brasil.
Leia também: Confira cinco dicas para evitar fraudes nos cartões de débito