De acordo com um levantamento elaborado pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) e da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), nos últimos 12 meses cerca de 54% dos inadimplentes não pagaram suas dívidas mesmo com a intenção de quitá-las e após serem notificados pela empresa credora.
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A pesquisa do SPC Brasil ainda evidenciou uma variação sofrida na eficiência das cobranças em função do segmento da conta em atraso, sendo o financiamento de carro e motos a modalidade de crédito com o maior índice de sucesso nas cobranças, com 56%. Em seguida aparecem as contas de TV por assinatura, com 52%, cheque especial, com 48% e internet, com 42%.
Em contrapartida, contas de telefone fixo e celular representam 29% das dívidas com os menores índices de pagamento, juntamente de mensalidades de escolas, universidades e cursos, com 30% e empréstimos em bancos e financeiras, com 31%.
“Deixar a notificação de lado é a pior maneira de lidar com uma cobrança. Por mais complicada que esteja a condição financeira atual, o consumidor só irá resolver a questão se houver disposição para encará-la e propor soluções. O melhor caminho é se planejar, negociar, dialogar com o credor e procurar prazos e condições de pagamento realistas que caibam no orçamento mensal. Fugir ou se esconder do credor não fará com que a dívida deixe de ser paga”, explicou a economista-chefe do Serviço de Proteção ao Crédito, Marcela Kawauti.
Já para o educador financeiro do portal 'Meu Bolso Feliz', José Vignoli, o acordo é mais viável para todas as partes envolvidas, uma vez que “a inadimplência
traz sérios prejuízos para as finanças das empresas, além de deixar milhões de pessoas sem acesso ao mercado de crédito”.
Carta simples
A carta simples foi apontada como o tipo de notificação mais utilizada como ferramenta de cobrança, com afirmações de 58% dos consumidores em relação ao recebimento da mesma com o valor pendente em suas residências.
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Outras formas comuns de cobrança retratadas pelos devedores são ligações do cobrador, com 49%, mensagens por e-mail, com 27%, torpedos por celular e mensagens gravadas, com 25% e 16%, respectivamente. Apenas 5% dos consumidores asseguraram nunca ter recebido qualquer tipo de cobrança.
Segundo o levantamento, 8% dos inadimplentes consideram a cobrança indevida, sendo o questionamento na veracidade dos valores o argumento mais usado por 7% deles. Com isso, 9 em cada 10 consumidores, ou seja, 89%, admitem que a cobrança era procedente.
Entre as justificativas usadas pelo cobrador para convencer o consumidor a pagar suas contas pendentes estão: cadastro do consumidor nas listas de proteção ao crédito caso a dívida não seja quitada, com 39%, aviso de ação judicial, com 17% e aviso de protesto em cartórios, com 5%.
Assim, aproximadamente 23% dos consumidores retrataram que já foram abordados de modo inadequado e 16% de maneira fria pelos cobradores, sendo constrangimento, chateação, angústia, pressão e humilhação, os sentimentos mais comuns, com 36%, 27%, 25%, 23% e 15%, respectivamente. Já para 51% deles, a abordagem foi considerada amigável, para 27% respeitosa e para 24%, cordial.
“A lei protege o credor de receber o valor que lhe é devido, mas para isso ele não pode se utilizar de métodos agressivos, como ameaça expor o cliente ao ridículo ou a qualquer outro tipo de constrangimento. Caso o consumidor se sinta lesado no momento da cobrança, ele deve procurar um advogado ou fazer a queixa em algum órgão de defesa do consumidor”, afirmou Vignoli.
De acordo com os devedores entrevistados pelo SPC Brasil, a forma preferida para receber a notificação é via e-mail, mencionado por 28%. Outros 24% preferem a carta simples e 19% a carta com aviso de recebimento (AR). Por outro lado, 0,3% ressaltaram preferir a visita de um cobrador em sua residência.
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