O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse nesta quinta-feira (9) que a defasagem de salário entre homens e mulheres levará cerca de 20 anos para ser corrigida. O tempo, segundo ele, será necessário para realizar a transição em que passarão a ter validade as novas regras de reforma da Previdência, caso sejam aprovadas. A declaração foi dada durante a participação do Fórum Estadão, cujo tema foi a própria Previdência Social.
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Em sua fala, Henrique Meirelles afirmou que, atualmente, a remuneração média das mulheres com idade entre 20 e 25 anos é praticamente igual à dos homens. "Essa diferença está acabando", disse. No entanto, o ministro admitiu que os homens ainda são mais promovidos no trabalho do que as mulheres conforme envelhecem e acredita que esta é uma tendência que também deverá mudar.
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"Existe uma qualificação e presença maior de mulheres no mercado de trabalho. Nos escalões mais elevados, é um fenômeno gradual, por uma questão muito simples de qualificação, competência e resultado. As empresas estão cada vez mais pressionadas por resultado", disse. A proposta do governo para a reforma estabelece uma transição de 20 anos para que a idade mínima de aposentadoria para as mulheres seja igual à dos homens.
Meirelles disse que trabalha com intensa agenda de discussão com as bancadas de parlamentares para aprovar a proposta. Na quarta-feira (8), o ministro conversou sobre o assunto com deputados de PRB, PSD e PP e adiantou que, se a idade mínima para as mulheres conseguirem o benefício foi reduzida, os homens precisarão trabalhar até os 71 anos para compensar.
Reforma como "necessidade"
O ministro afirmou que "a reforma da Previdência não é um objeto de decisão, é uma necessidade". A evolução das contas públicas, segundo ele, mostra que a Previdência é mais generosa no Brasil que em outros países. "O problema é que quem paga isso é a sociedade". Durante sua participação, Meirelles reforçou que, em 1991, os gastos públicos respondiam por 10,8% do Produto Interno Bruto (PIB).
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Atualmente, segundo ele, o índice subiu para 19%. No último ano de mandato de cada presidente, os gastos aumentaram ainda mais, segundo dados apresentados por Henrique Meirelles. O ministro indicou ainda que a taxa de reposição do Brasil, ou seja, o quanto o trabalhador mantém de sua renda depois de se aposentar, é de 76%. Em outros países, segundo ele, a taxa é de 56%. "O aposentado no Brasil tende a ganhar mais que ganhava antes na comparação com os demais países", argumentou.