O Conselho Regional de Corretores de Imóveis do Estado de São Paulo (CRECISP) registrou que em 2016, os mercados de venda de imóveis usados e de locação residencial no Estado de São Paulo fecharam o ano com saldo positivo e abaixo da inflação. Em comparação com novembro, as vendas recuaram cerca de 21,43%, sendo 13,64% o número de casas e apartamentos alugados. Em relação aos 12 meses o saldo ficou positivo em 19,75%.
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Já o Índice CRECISP , responsável por medir o comportamento mensal dos aluguéis novos e dos preços dos imóveis usados nas 37 cidades do Estado de São Paulo que integram a pesquisa, apresentou queda de 1,79% em dezembro, encerrando o ano passado com acréscimo de 4,26%.
“Os dois mercados mostraram resistência à crise que castiga a economia e, ao mesmo tempo, adaptação às restrições que ela impõe. Quem alugou ou vendeu não pôde determinar preços especulativos ou superestimá-los em razão da perda de poder aquisitivo imposta às famílias pela recessão econômica”, explicou o presidente do CRECISP, José Augusto Viana Neto.
Inflação e ajustes
Em 2016, a inflação oficial do País, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) do IBGE, ficou em 6,29%, 2 pontos percentuais acima do aumento de 4,26% do índice do CRECISP. Vale ressaltar que o indicador do Conselho também ficou abaixo do Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que registrou 6,58% e do Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM), com 7,17%.
“Os proprietários que não se ajustaram aos preços de mercado ficaram com os imóveis fechados. Não há como escapar a essa realidade, infelizmente, e os corretores cumprem seu papel ético e técnico ao mostrarem que o desejo precisa ser ajustado à realidade”, afirmou Viana Neto.
Nos bairros de regiões nobres abrangentes a pesquisa, o aluguel residencial médio iniciou o ano em R$ 2.046,28 e chegou a dezembro com valor de R$ 2.141,12, alta de 4,63%. Já nos bairros centrais, houve variação de 2,73% com aluguel médio de R$ 1.172,37 em janeiro e de R$ 1.204,38 em dezembro.
Nos bairros de periferia, o aluguel médio empatou com a inflação, indo de R$ 853,54 para de R$ 906,94 no mesmo período, alta de 6,25%. Segundo Viana Neto, “os preços dos imóveis usados e dos aluguéis residenciais devem manter essa sintonia fina de mercado também este ano já que a esperada melhora do cenário econômico não deverá ter fôlego capaz de inflar expectativas e preços”.
Redução de descontos
A pesquisa desenvolvida com 1.060 imobiliárias de 37 cidades do Estado de São Paulo apontou que do total vendido em dezembro de 2016, 53,96% foram apartamentos e 46,04%, casas. Todos foram vendidos com descontos menores dos que os concedidos em novembro do mesmo ano.
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Em relação aos descontos nos imóveis de bairros periféricos, houve uma queda de 40,63%, uma vez que o desconto médio de dezembro foi de 6,84% ante aos 11,52% de novembro. Nos bairros centrais, o desconto caiu 9,29%, ao passar de 8,72% para 7,91%. Já nos bairros nobres o desconto médio baixou 11,1%, indo de 7,39% para 6,57% entre novembro e dezembro.
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A redução dos descontos foi ocasionada pelas vendas, que caíram 14,75% no mesmo período, sendo Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema e Guarulhos as maiores contribuintes para o resultado. Se comparado a novembro, houve diminuição de 53,15% nas vendas. No litoral também houve uma queda registrada em 22,55%. Em contrapartida, a Capital e o interior paulista apresentaram crescimento de 18,07% e 14,2%, respectivamente.
Cerca de 55,13% das casas e apartamentos vendidos em dezembro receberam financiamento bancário, sendo 39,59% para pagamentos à vista e 4,4% para pagamentos parcelados. Apesar de uma tímida participação, os consórcios representam 0,088% dos negócios fechados pelas imobiliárias consultadas.
Os campeões de vendas nesse período foram os imóveis com preço médio de até R$ 300 mil, com 51,32% das unidades vendidas. Os valores de até R$ 4 mil o metro quadrado predominaram a divisão das vendas por faixas de preços, com 53,58% do total.
Imóveis devolvidos
Segundo o levantamento, o resultado de pessoas que devolveram casas e apartamentos alugados foi 5,25% maior em dezembro. As justificativas para o feito se dividiram, sendo 52,02% por motivos financeiros e 47,98% devido à mudança de endereço e cidade.
Os alugueis referentes a dezembro de 2016, teve resultado 13,64% menor do que em novembro, com - 3,96% na Capital, -3,74% no interior, -12,3% no litoral e -44,86% nas cidades de Santo André, São Bernardo, São Caetano, Diadema, Guarulhos e Osasco.
Os donos dos imóveis alugados pelas imobiliárias consultadas concederam descontos médios de 9,84% para casas e apartamentos localizados em áreas nobres, de 10,76% para bairros centrais e 11,59% para bairros periféricos. Cerca de 54,25% do total alugado foram imóveis com valor médio de até R$ 1 mil.
É importante lembrar que 60% dos imóveis foram alugados com a garantia do fiador pessoa física, seguido pelo depósito de três meses do valor do aluguel, com 19,96%, pelo seguro de fiança, com 11,54%, pela caução de imóveis, com 6,29%, pela cessão fiduciária, com 1,17% e pela locação sem garantia, com 0,54%.
Os bairros centrais tiveram 74,17% da preferência dos novos inquilinos, enquanto 16,38% escolheram bairros de periferia e 9,46% bairros nobres. Em relação a inadimplência, a CRECISP registrou 5,26% no atraso de alugueis, percentual 5,49% menor se comparado aos 5,56% obtidos em novembro.
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