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 Michael Pearson da companhia farmacêutica Valeant Pharmaceuticals é considerado o CEO com maior faturamento em 2015,  com C $ 182 milhões
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Michael Pearson da companhia farmacêutica Valeant Pharmaceuticals é considerado o CEO com maior faturamento em 2015, com C $ 182 milhões

Um relatório apontou que antes do horário de almoço do primeiro dia útil de 2017, os 100 diretores executivos mais bem pagos do Canadá já haviam faturado mais do que  os trabalhadores canadenses conseguirão ganhar ao longo de todo o ano. Segundo análise feita pela instituição Canadian Centre Policy Alternatives, e publicado pelo *The Guardian, os ganhos dos CEOs aumentaram em nível recorde, totalizando C$ 9,5 milhões em 2015, ou seja, 193 vezes a média salarial no país.  

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Mesmo com o encolhimento da economia canadense, as remunerações dos CEOs se mostraram contrárias ao momento, com um crescimento de 7% em comparação ao ano de 2014. "Infelizmente, não estou realmente surpreso com as descobertas", disse o autor do relatório, Hugh Mackenzie. 

Desigualdade de renda 

De acordo com Mackenzie, a alta significativa nos salários desses poderosos diretores executivos pode ser considerada um dos fatores primordiais para o aumento da desigualdade de renda no Canadá. Em 1995, a mesma análise desenvolvida pelo Canadian Centre rastreou 50 dos CEOs mais bem pagos do país e apontou que o faturamento deles era 85 vezes a média salarial. Já em 2015, fizeram 290 vezes a renda média canadense, que era de C$ 49.510.

Após serem ajustados de acordo com a inflação, notou-se que o rendimento médio dos 100 CEOs canadenses avançou 99% desde 1998, enquanto os cidadãos comuns possuíram um pequeno crescimento de 9% em suas rendas. "Não é apenas devido a esses altos rendimentos, mas é nítido que eles têm crescido significativamente em relação aos rendimentos das pessoas comuns". Explica Mackenzie.

Segundo pesquisas, não há uma ligação direta no que se diz respeito aos lucros e ao desempenho das empresas. Com isso, Mackenzie evidenciou formas de compensação baseadas no mercado de ações, concluindo assim que o aumento das ações das empresas ocorre devido às demissões em massa, ocasionadas pelo comportamento desses executivos em relação à linha de fundo no curto prazo de suas empresas.

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"Eu acho que é justo dizer que estamos pagando coletivamente o preço para o foco de curto prazo da tomada de decisão corporativa. Nós temos um sistema fundamentalmente quebrado para estabelecer compensação executiva." Completa o criador do relatório.

Informações sobre empresas listadas na Bolsa de Toronto foram usadas para complementar o relatório desenvolvido pela instituição que avalia há mais de uma década o faturamento dos CEOs no Canadá. Os resultados mostram que os lucros refletem uma compensação que varia de pagamentos base até bônus, além de bolsas de ações e opções para as mesmas.

Na posição mais alta da lista está Michael Pearson da companhia farmacêutica Valeant Pharmaceuticals.  O motivo pelo qual detém o topo da lista é o seu faturamento de C $ 182 milhões em 2015, considerado sete vezes maior se comparado ao próximo CEO da lista. De acordo com Hugh Mackenzie, pessoas abandonam o topo da lista frequentemente, e com Pearson não foi diferente. Após diversos problemas contábeis e forte investigação por parte de promotores norte-americanos, o CEO renunciou seu cargo no início de 2016, porém seu nome ainda continua como o mais influente do ranking.

Segundo dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDC), o Canadá, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha são considerados os países com a maior discrepância no valor salarial de CEOs e de um trabalhador comum, sendo os Estados Unidos e o Canadá os maiores detentores do título uma vez que os 500 melhores CEOs ganham 340 a média desses trabalhadores. Devido a esse resultado, Mackenzie frisa que as chances de diretores executivos cruzarem a fronteira Canadá - EUA a procura de emprego são quase nulas.

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