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Varejistas da 25 de Março, principal polo popular de compras, estão pessimistas com as vendas de Natal
Renato S. Cerqueira/Futura Press - 8.8.15
Varejistas da 25 de Março, principal polo popular de compras, estão pessimistas com as vendas de Natal

O pessimismo toma conta dos comerciantes da cidade de São Paulo em relação as vendas deste final do ano. A estimativa, segundo os empresários de São paulo, é que as vendas tenham queda de 5% a 6% ao se comparar com igual período do ano anterior.

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Em 2015 as vendas do período tiveram retração de 14,5% na comparação com 2014. A perspectiva para o resultado deste ano é da Associação Comercial de São Paulo (ACSP) e está baseada no desempenho que o varejo tem apresentado ao longo deste ano. O resultado, a nível Brasil, é que as vendas tenham retração de 4% a 5% este ano.

Em tom de frustração a sócia de uma loja de tecidos para decoração localizada no Brás, Cláudia Rocha, não tem grandes expectativas para o período. “Não espero vender mais do que vendi até o início de dezembro”. Ela afirmou ainda que, mesmo fazendo promoções, não cria expectativas de melhora.  “Meu produto [tecidos para móveis] é sazonal, e este seria o momento para vender bastante. As pessoas compram para decorar a casa para as festas de fim de ano. Essa época é o limite para poder chegar ao Natal com a casa pronta. E está absolutamente fraco”, destacou.

De acordo com o economista-chefe da Associação Comercial de São Paulo, Marcel Solimeo, a crise chegou ao pico alguns meses atrás com o desemprego a agora vem diminuindo muito lentamente. “O desemprego tem crescido menos. A confiança do consumidor teve uma ligeira melhora e as taxas de juros começaram timidamente a cair. A cada mês se está comparando com o mês do ano anterior que foi pior que os anteriores. Então, o efeito-base também ajuda a explicar [o cenário atual]”.

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Solimeo afirmou ainda que, há uma expectativa de que essa diminuição da queda deve continuar, mas não o suficiente para salvar o resultado do varejo 2016. “Possivelmente, ao longo do primeiro semestre de 2017 a gente consiga estabilizar para depois voltar a crescer, também muito lentamente.”

Segundo Solimeo, o desempenho na capital paulista deverá ser pior do que no restante do País, já que São Paulo tem maior participação na indústria. “O comércio paulistano foi mais afetado que a maioria dos demais Estados, porque tem a maior base industrial e a crise se deu primeiramente nesse setor, que é onde paga-se os melhores salários.”

Vagas temporárias

A avaliação do economista da Associação Comercial de São Paulo reflete o sentimento dos comerciantes ouvidos pela Agência Brasil e pode ser constatado também nas contratações temporárias deste fim de ano. Houve uma queda de 7% no número de vagas abertas no período. Márcio José da Silva, gerente de uma loja de calçados na Lapa, zona oeste de São Paulo, confirmou que as contratações foram poucas neste final de ano.

“Nós contratamos poucos funcionários porque estamos em dúvida sobre a expectativa de vendas, se realmente vão atingir nossos objetivos ou se vão ficar igual ao ano passado, que já foi fraco”, afirmou.

Solimeo alertou que alguns fatores podem inibir o consumo do varejo. “O desemprego é um desses fatores. O outro é o endividamento alto de grande parcela dos consumidores. Isso faz com que boa parte desses recursos injetados pelo 13º salário vá para o pagamento de dívidas, que é o mais indicado, pois não adianta consumir e se endividar mais. E esses são os fatores limitantes [de consumo]”, acrescentou.

O economista também observou que quanto mais a Black Friday vende, mas afeta as vendas do Natal. “Quem comprou agora na Black Friday não vai comprar de novo no Natal. Essa promoção pode dar um ganho adicional – há muita gente que não compraria se não fossem as ofertas da Black Friday. Mas, em boa parte que compra agora não vai comprar depois”, ressaltou.

Otimismo

Marcos Ricci, secretário-executivo da Associação de Lojista do Brás (Alobrás), um dos principais centros populares de compras do País, mostrou um pouco mais de otimismo e acredita que as vendas serão iguais a 2015. “A estimativa é empatar com o ano passado, o que é bom, pois estamos em um momento crítico. Além disso, presentes caros deixarão de ser comprados. Dessa forma, presentes de menor valor, como roupas, passam a ser uma melhor opção.”

Comércio Paulista está pessimista para as vendas de Natal
Rosa/Agência Brasil
Comércio Paulista está pessimista para as vendas de Natal

Opinião semelhante tem o comerciante Philipe Sarruf, sócio de uma loja de objetos e decoração natalina na região da 25 de março, outro importante polo comercial da capital paulista. Ele também espera vender o mesmo que 2015.

“A expectativa é um volume de vendas similar ao ano passado, sem crescimento, mas também sem redução, pelo menos o mesmo nível”. Para isso, ele disse que a loja tem adotado medidas para atrair o consumidor.

“Como ficamos com um estoque grande do ano passado mantivemos o preço e fizemos uma ação na nossa loja online com 30% de desconto na categoria de Natal e aqui na loja física também mantivemos o preço de 2015. Isso gerou um certo volume de vendas”. Sarruf observou uma reação no movimento de rua, mas ainda não comemora. “Não é uma super-reação, mas a gente acha que começou a melhorar um pouco.”

No segmento de bijuterias, a gerente de loja Nuquia Marques está confiante nas vendas deste ano mais que o ano passado. “Pelo período ainda está fraco, mas nessa primeira quinzena de dezembro vai dar uma levantada”.

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