O endividamento de famílias brasileiras aumentou 0,2% de agosto para setembro, atingindo 58,2%. Apesar do pequeno crescimento, o resultado para o mês foi 5,3% menor, se comparado ao resultado de setembro do ano passado. Naquela, ocasião, o nível de endividamento era de 63,5%.
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Os dados fazem parte da Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), divulgada hoje (27) pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Para o economista da CDC, Bruno Fernandes, o resultado apresenta dois aspectos. Se por um lado “a manutenção das altas taxas de juros e a instabilidade do mercado de trabalho ampliaram o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso, tanto na comparação mensal como na anual”, por outro lado “a retração do consumo, em virtude da persistência da inflação e da contração da renda, além do elevado custo do crédito, explica a expressiva redução na comparação anual”.
O aumento do número de famílias com contas ou dívidas em atraso manteve uma tendência de alta que vem desde o ano passado. Em setembro de 2015, o percentual de famílias com contas ou dívidas em atraso era de 23,1%. O índice subiu para 24,6% no mesmo período deste ano, após ter fechado agosto em 24,4%.
Inadimplência cresce
Os dados divulgados pela CNC mostram que a inadimplência cresceu tanto na comparação mensal quanto na anual. O índice mede a quantidade de famílias que não tinham como pagar dívidas adquiridas com cheque pré-datado, cartão de crédito, cheque especial, carnê de loja, empréstimo pessoal, prestação de carro ou seguro. Em agosto, o índice era de 9,4%, passando para 9,6% em setembro. No mesmo período do ano anterior, as famílias que se diziam inadimplentes chegavam a 8,6%.
A pesquisa, no entanto, constatou que a proporção das famílias que se diziam muito endividades caiu. De agosto para setembro, o índice foi 0,2% menor, passando para 14,4%. Na comparação anual, houve crescimento de 0,5%.
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Em setembro, o tempo médio das contas atrasadas chegava a 63,2 dias, enquanto o tempo médio de comprometimento com essas dívidas era de 7,1 meses. Do total de famílias endividadas, cerca de 21% estavam com mais da metade da renda comprometida com este tipo de pagamento. O principal responsável pelos atrasos foi o cartão de crédito, com 76,3%, seguido do carnê (14,8%) e do financiamento do carro (10,9%).
Faixa de renda
A pesquisa, que também avalia os grupos por faixa de renda, mostrou que o aumento da dívida de famílias foi observado tanto nas que sa encontram abaixo como nas que estão acima de dez salários mínimos, na comparação mensal. Quando o resultado de 2015 é levado em consideração, houve queda nos dois grupos pesquisados.
Entre as famílias com renda inferior a dez salários mínimos, o percentual de dívidas foi de 59,9% em setembro, ante 59,5% no mês anterior. Em setembro de 2015, o índice registrava 65,1%. Entre as famílias com renda superior a dez salários mínimos, o percentual das endividadas foi para 50,6%, em agosto, para 49,8%, em setembro. No mesmo período do ano anterior, o índice era de 55,6%.