Seis empresas de tecnologia nos Estados Unidos estão realizando o recrutamento de futuras funcionárias, focando em mulheres que deixaram o mercado de trabalho após a maternidade. A intenção dessas companhias (estrangeiras) é dar espaço para que as mães tenham um novo emprego ainda este ano.
Segundo divulgou o site Motto, as empresas GoDaddy, Coursera, Instacart, Zendesk, Demandbase e a CloudFlare anunciaram, na terça-feira (23), que estão em busca de mão-de-obra feminina a começar nos novos empregos no próximo mês de outubro. Para se candidatar, tais companhias exigem, apenas, que as mulheres tenham uma carreira anterior, interrompida por motivos pessoais para cuidados de familiares: seja por filhos ou mesmo por outro parente, por exemplo.
Assim, a ideia é dar uma segunda chance para aquelas que desejam voltar ao mercado, mas acabam se esbarrando em dificuldades. Para tanto, as companhias de tecnologia vão oferecer uma espécie de “estágio remunerado” de 18 semanas em uma organização chamada Path Forward, que foi lançada como uma organização independente sem fins lucrativos no começo deste ano.
Dessa maneira, ao ajudar as empresas a criarem programas de retorno de trabalhadores ao mercado, a Path Forward traz uma “resposta” aos pedidos diversos daqueles que estão buscando novas oportunidades, especialmente mulheres que passaram recentemente pela maternidade e querem voltar à ativa profissionalmente.
Dificuldades das mulheres
Para se ter ideia da dificuldade desse retorno, um estudo publicado pelo Center for Talent Innovation, em 2010, mostrou que mais de 31% das mulheres altamente qualificadas no mercado, que deixaram seus cargos voluntariamente, levam, em média, 2,7 anos para conseguir ter um emprego de volta.
Além disso, o mesmo estudo revelou que 9 entre 10 mulheres que deixaram seus empregos (voluntariamente) afirmaram que gostariam de retomar às suas carreiras. Contudo, nem todas conseguiram seu emprego “normal”, já que das 73% que retornaram, apenas 40% conseguiram uma vaga em tempo integral.
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E a dificuldade delas é bem maior do que entre os homens em situação semelhante: uma pesquisa de 2014, realizada com adultos desempregados entre 25 e 54 anos pela New York Tomes, CBS News e a Fundação Kaiser Family, mostrou que 61% das mulheres estariam “em casa” por responsabilidades familiares – em contrapartida, entre os homens, somente 37% teriam este impeditivo para voltar a trabalhar.
No mesmo estudo, entre aquelas identificadas como donas de casa, que não buscaram emprego no último ano, 3 entre 4 disseram que considerariam retornar ao mercado se um trabalho permitisse horários flexíveis ou que pudessem fazer homeoffice.
Por tudo isso, as empresas de tecnologia lançaram as oportunidades voltadas às mulheres que serão treinadas a gerenciar serviços e programas. As posições abertas – que incluem engenharia, análise de dados e regras de marketing – estarão disponíveis no site da Path Forward, mas as empresas que irão recolher currículos, escolher as candidatas e pagar seus estágios. Serão oferecidos 20 ou 30 vagas de estágio àquelas que tiverem ao menos 5 anos de experiências e estiveram longe do mercado por cuidados de familiares por, pelo menos, 2 anos.
De acordo com as empresas, não existe garantia de que as “estagiárias” sejam contratadas após os 18 meses de curso, mas garantem que a experiência poderá acrescentar muito ao currículo e, assim, aumentar suas chances de emprego após o intervalo extenso. “Nosso trabalho com as participantes permite que elas se ajudem entre si, além de entregar ferramentas que poderão utilizar em suas vidas profissionais daqui por diante”, afirma o diretor executivo da Path Foward.
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As empresas de tecnologia participantes do programa de retorno enfatizam que suas participações na iniciativa foram impulsionadas, principalmente, pela necessidade de novos talentos e pelo desejo de aumentar a participação das mulheres como força de trabalho no setor.