As medidas colocadas em curso pela nova equipe econômica, que está prestes a completar um mês no comando, ainda não foram capazes de unificar a opinião de economistas em torno da recuperação da economia brasileira. Há quem veja os primeiros sinais dados pelo governo do presidente em exercício Michel Temer com otimismo e há quem ainda não enxergue elementos para uma retomada rápida.
A pesquisadora do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV) e coordenadora do boletim que traz as principais projeções da entidade, Silvia Matos, está nesse segundo grupo. Segundo ela, a retração do Produto Interno Bruto (PIB) de 2016 será de 3,5%, e pensar em recuperação consistente em 2017 é difícil.
A economista prevê para o próximo ano um avanço tímido, de 0,5%. “Depois da mudança no governo, e até antes, diante da probabilidade de mudança de governo, a gente teve queda de risco país e uma valorização cambial (queda do dólar)”, afirma. “São os primeiros sinais favoráveis de uma economia começando a querer se reerguer. Agora, é importante tomar fôlego.”
Para que isso aconteça, o governo precisa conseguir aprovar projetos importantes no Congresso, como a PEC que impõe um limite para os gastos públicos. Ainda assim, diz Silvia, há eventos econômicos que dificultam uma retomada maior.
Com um olhar mais otimista, o economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, melhorou suas projeções para a economia brasileira. Ele estima um crescimento de 2% para o ano que vem - isso, se Dilma Rousseff não voltar ao governo e se a Operação Lava Jato não respingar no presidente Temer. “Podemos chegar ao final de 2016, no quarto trimestre, com números começando a ficar positivos, apesar de eu acreditar que essa mudança é mais para o começo de 2017”, afirma. “Mas os números vão começar a ficar azuis provavelmente no quarto trimestre.”
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.