As operadoras de saúde registraram crescimento de 19,3% nos custos com atendimentos médicos em 2015 na comparação com o ano anterior, de acordo com o índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) medido pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). O indicador considera a variação nos custos dos planos individuais de saúde.
A variação é tida pelo setor como um indicador para o reajuste esperado nos preços das mensalidades dos planos, mas, nos planos individuais, os reajustes de preço são controlados pela Agência Nacional de Saúde (ANS).
A chamada inflação médica ficou acima da anual medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2015 em 10,67%.
O aumento de 19,3% é o maior desde o início da série histórica, em 2007. O recorde ocorre num momento delicado para o sistema de saúde privado. Em 2015, cerca de 766 mil beneficiários saíram do mercado. Até março de 2016, em comparação ao mesmo mês de 2015, as perdas de beneficiários chegaram a 1,33 milhão.
O estudo do IESS chama atenção para a escalada dos custos mesmo num momento de retração econômica e de queda no número dos beneficiários. Segundo pesquisa da entidade, o Brasil é o único caso no mundo onde os custos de saúde não caem com a retração na atividade econômica.
A maior contribuição para o aumento dos custos no ano passado veio dos gastos mais altos com internações. Esse item contribuiu com 10,7 pontos porcentuais para o crescimento total registrado pelo VCMH.
A justificativa apontada pelo IESS para este crescimento é o atual modelo de pagamento a hospitais pelas operadoras de saúde, denominado "conta aberta por unidade de serviço" (fee-for-service), no qual cada item utilizado na internação do paciente é detalhado na conta, após um processo de faturamento em que profissionais de saúde contratados pelo hospital analisam a internação. As operadoras reclamam de ineficiências e desperdícios nesse modelo.