Inflação na Argentina sobe 6,5% em abril e atinge a máxima em 14 anos

Governo de Macri tem mais de 50% de aprovação entre os argentinos, mas inflação já acumula alta de 20% neste ano

Foto: JUAN MABROMATA / AFP
Presidente da Argentina, Mauricio Macri não deve divulgar sua medida de inflação nacional


O escritório de estatísticas e censos da cidade de Buenos Aires informou nesta quinta-feira que seu índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) avançou 6,5% em abril ante o mês anterior. O número é o mais alto desde o pico inflacionário de 2002, quando o país enfrentou a pior crise econômica de sua história.

O índice medido pela prefeitura de Buenos Aires se converteu em referência já que, pelo menos até junho, o governo do presidente Mauricio Macri não deve divulgar sua medida de inflação nacional por causa de uma reestruturação no Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (Indec), após os questionamentos à metodologia do órgão durante os governos de Néstor Kirchner e de Cristina Kirchner.

A inflação, que segundo a medida do órgão municipal acumula 20% neste ano, acelerou em abril, após ocorrerem fortes altas, de entre 100% e 300%, nas tarifas da eletricidade, do gás, da água, do transporte público e de combustíveis. O governo determinou os aumentos como parte de uma estratégia para corrigir as distorções do modelo populista que o precedeu.

Estima-se que desde dezembro aumentou em 1,4 milhão o número de pobres e em 350 mil o de indigentes no país, segundo o Observatório da Dívida Social, ligado à Universidade Católica Argentina.

No atual contexto, "a boa notícia é que quando se retira o efeito residual do aumento tarifário o resto dos produtos vai desacelerando. Para maio estimamos uma inflação de 3%", afirmou Luciano Cohan, economista-chefe da consultora Elypsis.

Macri tem um nível de aprovação de mais de 50%, mas sabe que a inflação descontrolada ameaça seu crédito político. O atual governo tem como estratégia esfriar o consumo, à espera de que no segundo semestre cheguem os investimentos prometidos por credores externos para impulsionar a economia. Para a agência de classificação de risco Moody's, os resultados positivos do novo enfoque das políticas de governo "não se evidenciarão até o começo do próximo ano", justamente quando o presidente enfrentará seu primeiro teste eleitoral, com a eleição legislativa de meio de mandato. Fonte: Associated Press.