O Comitê de Política Monetária decidiu nesta quarta-feira (2), pela quinta vez seguida, manter a taxa Selic, a taxa básica de juros em 14,25% ao ano. A decisão foi apoiada por seis integrantes do comitê, que teve ainda dois votos favoráveis à elevação de 0,50% na taxa.
A manutenção da taxa era esperada pelos analistas, que preveem que a Selic permanecerá inalterada até o fim do ano.
Os juros básicos estão nesse nível desde o fim de julho do ano passado. Com a decisão do Copom, a taxa se mantém no mesmo percentual de outubro de 2006. A Selic é o principal instrumento do banco para manter sob controle a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Oficialmente, o Conselho Monetário Nacional estabelece meta de 4,5%, com margem de tolerância de dois pontos, podendo chegar a 6,5%. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o IPCA acumulou 10,71% nos 12 meses terminados em janeiro, a maior taxa desde outubro de 2003.
No Relatório de Avaliação de Receitas e Despesas, divulgado nesta terça-feira (1ª) pelo Ministério do Planejamento, a equipe econômica estimou que o IPCA encerre 2016 em 7,1%. O mercado está mais pessimista. De acordo com o boletim Focus, pesquisa semanal com instituições financeiras divulgada pelo Banco Central, o IPCA fechará o ano em 7,57%.
Esta foi a primeira vez em oito semanas que o mercado reduziu a estimativa de inflação, que este ano continuará pressionada pela alta do dólar, que influencia o preço dos produtos e das matérias-primas importadas.
Embora ajude no controle dos preços, o aumento da taxa Selic prejudica a economia, que atravessa o segundo ano seguido de recessão, intensificando a queda na produção e no consumo. Segundo o boletim Focus, os analistas econômicos projetam contração de 3,45% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços produzidos pelo país) em 2016. O relatório do Ministério do Planejamento prevê retração de 2,9%.
A taxa Selic é usada nas negociações de títulos públicos no Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic) e serve de referência para as demais taxas de juros da economia. Ao reajustá-la para cima, o Banco Central segura o excesso de demanda que pressiona os preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Quando reduz os juros básicos, o Copom barateia o crédito e incentiva a produção e o consumo, mas enfraquece o controle da inflação.
Votaram pela manutenção da taxa Selic em 14,25% o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, além de Aldo Luiz Mendes, Altamir Lopes, Anthero de Moraes Meirelles, Luiz Edson Feltrim e Otávio Ribeiro Damaso.
Os votos a favor da elevação da taxa Selic para 14,75% foram Sidnei Corrêa Marques e Tony Volpon.
De acordo com nota divulgada pelo Banco Central, a decisão foi baseada em análises do cenário macroeconômico, das perspectivas para a inflação e do atual balanço de riscos, além de considerar "incertezas domésticas e, principalmente, externas".
*Com informações da Agência Brasil