A inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), apresentou uma variação de 0,96% no mês de dezembro do ano passado. No acumulado do ano, o IPCA teve alta de 10,67%, contra 6,41% em 2014. A taxa acumulada no ano foi a maior registrada desde 2002 (12,53%).
Embora tenha ficado abaixo da taxa registrada em novembro (1,01%), a taxa mensal foi a mais alta para o mês desde 2002, quando registrou 2,10%. O indicador também ficou acima do resultado de dezembro de 2014, quando a variação foi de 0,78%.
Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com esse resultado, a inflação estourou o teto da meta do governo, que é 6,5% no período de janeiro a dezembro. A meta oficial é 4,5%, mas existe uma banda permitida para oscilação, de 2 pontos percentuais para baixo e para cima.
No acumulado do ano, o indicador apresentou forte aceleração ao passar de 6,41%, em 2014, para 10,67% em 2015. Oito dos nove grupos pressionaram o indicador geral, com variações expressivas em habitação (18,31%, ante 8,8%, em 2014), seguido por alimentação e bebidas (12,03%, ante 8,03%), transportes (10,16%, ante 3,75%), despesas pessoais (9,5%, ante 8,31%), educação (9,25%, ante 8,45%), saúde e cuidados pessoais (9,23%, ante 6,97%), vestuário (4,46%, ante 3,63%) e comunicação (2,11%, ante -1,52%). Na comparação anual, o único grupo que registrou desaceleração foi artigo de residência, que baixou de 5,49%, em 2014, para 5,36% em 2015.
A forte variação na habitação ocorreu por influência dos preços da energia elétrica e de água e esgoto. Segundo o IBGE, esses itens tiveram uma série de reajustes esperados e extraordinários. "Ademais, o primeiro trimestre refletiu o efeito de acréscimo nas tarifas de energia elétrica por instituição do Sistema de Bandeiras Tarifárias, modelo de cobrança dos gastos com usinas térmicas", ressalta o órgão.
O maior impacto do ano (1,50 p.p.) ficou com a energia elétrica que, juntamente com os combustíveis (1,04 p.p.), representa 24% do índice do ano. As contas de energia elétrica aumentaram, em média, 51%, cabendo a São Paulo (70,97%) e a Curitiba (69,22%) as maiores variações. Nos combustíveis (21,43%), o litro dagasolina subiu 20,10% em média, chegando a 27,13% na região metropolitana de Recife. O etanol teve um aumento médio de 29,63%, atingindo 33,75% na região metropolitana de Curitiba, próximo dos 33,65% de São Paulo.
Eulina Nunes, coordenadora de índices de preços ao consumidor, explicou em coletiva na sede do IBGE, no Rio de Janeiro, o que pressionou os preços em 2015. "Os reajustes no primeiro trimestre, como energia elétrica, água e esgoto e combustíveis se alastraram por todo o ano. A alta do câmbio também provocou aumentos fortes nos itens de limpeza e consumo das famílias."
Inflação em dezembro
No mês de dezembro, comparado a novembro, a maior alta nos grupos pesquisados de alimentação e bebidas (1,50%), seguido pelo de transportes (1,36%). Os dois grupos foram os responsáveis por 66% do IPCA no mês de dezembro. O grupo de alimentação e bebidas, porém, apresentou uma variação menor do que a registrada em novembro, quando atingiu 1,83%. Já o grupo de transportes havia tido uma variação de 1,08% em novembro.
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No grupo alimentação e bebidas (1,50%) a alta chegou a 2,32% na região metropolitana de Fortaleza e 2,04% em Recife. Observa-se que os preços dos produtos consumidos em casa subiram 1,96%, em média, bem mais do que a alimentação fora de casa, cuja variação foi de 0,65%. Alguns itens apresentaram aumentos expressivos, a exemplo da cebola (13,71%) e do tomate (11,45%), açúcar refinado (10,20%) ecristal (7,14%), feijão-fradinho (7,24%) e carioca (7,02%).
Nos transportes, a alta de 1,36% foi influenciada por passagens aéreas, pois as tarifas dos voos ofertados em dezembro ficaram 37,07% acima das tarifas de novembro, quando foi registrada a variação de -5,18%. Com 0,14 p.p. na formação do IPCA do mês, as passagens aéreas lideraram a lista das principais contribuições individuais. Além disso, os combustíveis, que nos dois meses anteriores se mantiveram na dianteira das contribuições, continuaram com seus preços em elevação, ainda que em menor intensidade. A alta ficou em 1,50%, sendo 1,26% o aumento do litro da gasolina e 2,80% o litro do etanol.
Ainda no grupo transportes (1,36%), destacam-se o item automóvel usado (0,78%) e as tarifas dos ônibus interestaduais (2,35%), refletindo aumentos ocorridos em Goiânia (13,17%), Brasília (9,70%), São Paulo (3,50%), Fortaleza (1,66%) e Curitiba (1,47%).
Os artigos de vestuário, com 1,15%, também mostraram alta expressiva, destacando-se as roupasfemininas (1,65%) e masculinas (1,23%).
O grupo saúde e cuidados pessoais (0,70%) foi influenciado pelos itens plano de saúde (1,06%), serviços laboratoriais e hospitalares (0,95%) e artigos de higiene pessoal (0,90%), enquanto no grupo despesas pessoais (0,57%) sofreu pressão de excursão (5,76%), manicure (1,16%), cabeleireiro (1,09%) eempregado doméstico (0,43%).
O IPCA é calculado pelo IBGE desde 1980, se refere às famílias com rendimento monetário de 1 a 40 salários mínimos, qualquer que seja a fonte, e abrange dez regiões metropolitanas, além dos municípios de Goiânia, Campo Grande e Brasília. No cálculo do índice de dezembro foram comparados os preços coletados de 28 de novembro a 29 de dezembro de 2015 (referência) com os preços vigentes de 28 de outubro a 27 de novembro de 2015 (base).