O programa do governo federal para reduzir os preços de carros populares vai durar entre três e quatro meses, afirmou nesta terça-feira (30) o secretário Nacional do Tesouro, Rogério Ceron, confirmando prazo já mencionado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad
.
Em coletiva de imprensa, Ceron disse que o impacto fiscal da medida está sendo estudado pela Fazenda, e será "integralmente compensado".
"O assunto está sendo refinado pela área econômica, junto com o MDIC [Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, chefiado por Geraldo Alckmin]. Não só a política em si, mas também seus impactos. O intuito, como o ministro [Haddad] já sinalizou, é que seja de um período transitório, de 3 a 4 meses, que possa impulsionar [o consumo]", disse o secretário.
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O plano do governo foi anunciado pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, na última semana, ainda sem muitos detalhes. Até o momento, as únicas informações que se tem é que o governo cortará impostos federais, como IPI e PIS/Cofins, o que causará redução entre 1,5% e 10,94% no preço final de carros de até R$ 120 mil.
A alíquota de redução vai variar dentro desta faixa e seguirá três fatores, explicou Alckmin:
- O aspecto social, promovendo acessibilidade à compra de veículos. Isso significa que quanto mais barato for um carro, maior será o desconto de impostos;
- A eficiência energética, premiando com redução de impostos as fabricantes que poluem menos;
- Densidade industrial, favorecendo com redução de impostos as montadoras que realizam mais etapas da produção de carros no Brasil.
Na ocasião do anúncio, o vice-presidente afirmou que a Fazenda havia pedido 15 dias para finalizar os cálculos sobre o impacto fiscal da medida.
Apesar da medida ter sido anunciada com foco no público que pode vir a comprar os carros, sobretudo a classe média, a ala econômica do governo tem tratado o tema muito mais sob o aspecto da indústria.
Haddad já havia falado que a medida seria curta justamente para lidar apenas com o momento de crise em que se encontra a indústria automobilística.
Em entrevista à Folha de S. Paulo, o secretário de Desenvolvimento Industrial, Inovação, Comércio e Serviços do MDIC, Uallace Moreira Lima, disse que o objetivo é segurar empregos.
"Se um setor como esse colapsa, temos um efeito social muito grande, que é o desemprego", disse Uallace. "Estamos preocupados com os efeitos na cadeia produtiva, para frente e para trás, que o setor pode enfrentar, gerando mais desemprego. Essa é a nossa principal preocupação. Faz sentido proteger o emprego e a renda de um efeito em cadeia num setor que representa cerca de 20% da indústria", completou.