Em agosto, o Índice de Preços dos Supermercados (IPS), calculado pela Associação Paulista de Supermercados (APAS) e pela FIPE, registrou deflação de 0,02%, ou seja, praticamente estável. Em julho, o índice geral ficou em 1,77 % e em agosto de 2021 em 2,04%.
O resultado reflete a deflação de 5,38% nos itens do grupo dos in natura e de 3,46% nas carnes bovinas. A redução nas cotações das commodities internacionais ligadas à cadeia produtiva dos principais produtos comercializados no mercado interno também contribuiu para o cenário.
Bovinos em queda
As carnes bovinas registraram recuo de 1,24% nos últimos 12 meses e de 1,09% no acumulado do ano. O coxão mole, um dos cortes mais populares, deflacionou 8,29% no mês, 3,95% nos últimos 12 meses e 6,42% no acumulado do ano.
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“A desaceleração dos cortes bovinos é consequência do equilíbrio na demanda produtiva, após a alta dos preços no 1º semestre decorrente de variáveis como alteração no volume dos rebanhos, a guerra no Leste Europeu e a pandemia da Covid-19. A tendência é de estabilidade para o segundo semestre”, explica Diego Pereira, economista-chefe da APAS.
Carne de porco e frango
A proteína suína continua com preços estáveis. A diminuição de 4,54% nas exportações brasileiras registrada de janeiro a agosto contribuiu para deflação de 0,62% do produto em agosto, de 3,56% nos últimos 12 meses e de 5,97% no acumulado do ano.
O surto da gripe aviária nos EUA e na Europa aumentou em 2% as exportações brasileiras de frango no período de janeiro a agosto. Em contrapartida, a produção interna registrou queda de 0,36%, fator que contribuiu para inflação de 3,92 % registrada de janeiro a agosto e de 10,89 % nos últimos 12 meses.
“Apesar da deflação de 0,15% em agosto, a primeira registrada no ano, a expectativa é que o preço do frango aumente por conta da demanda internacional. O quarto trimestre promete ser desafiador até que ocorra uma segurança no controle de novos casos de gripe aviária nos EUA e na Europa”, explica Pereira.
In natura
Os hortifrutigranjeiros apresentaram deflação de 5,38% no mês, influenciados principalmente pelos itens tubérculos (-10,16%) e legumes (-10,18%). “Embora a queda nos níveis pluviométricos seja um empecilho para a produtividade na lavoura, o sistema de controle mecanizado possibilita o aumento da produção, cria condições para facilitar as colheitas, aumenta a vazão para os Centros de Abastecimento (CEASAS) e contribui para a redução dos preços finais”, explica o economista da APAS.
As frutas registraram deflação de 0,69% em agosto, com destaque para o mamão (-14,95%) e a laranja (-3,00%), itens cuja oferta subiu por conta das condições climáticas favoráveis.
Os produtos industrializados: Café e Açúcar
Em agosto, o café teve deflação de 0,66%, mesmo com a volatilidade na cotação internacional do produto em virtude da chegada do inverno no Hemisfério Norte e do estoque internacional estar 22% abaixo do ideal. A Colômbia, terceiro maior produtor mundial de café, anunciou que sua produção deste ano recuou 8% em relação a 2021.
O preço do açúcar registrou queda de 2,27% e de 2,74% no acumulado do ano. O cenário é motivado pela redução de 14% das exportações brasileiras, o que favorece a manutenção dos preços internos.
Bebidas, produtos de limpeza e de higiene
As bebidas alcoólicas apontaram inflação de 1,93%. A cerveja, item de maior peso na cesta, subiu 2,06%. O aumento tem relação com o reajuste do malte, produto importado que sofre pressão com a guerra entre Rússia e Ucrânia. As bebidas não alcoólicas tiveram elevação de 2,30%, com o maior aumento para o refrigerante: 3,19% no mês e 17,35% nos últimos 12 meses.
Os preços dos produtos de limpeza sofreram inflação de 2,67% no período e de 24,94% nos últimos 12 meses. O maior peso ficou para o sabão em pó, que subiu 3,83% em agosto. Os artigos de higiene e beleza registram aumento de 1,50%, índice impactado pelo preço do sabonete, que subiu 2,52% no mês.
Perspectiva econômica
“Apesar dos primeiros sinais de convergência da inflação, as incertezas do período eleitoral e o consumo estimulado pela Copa do Mundo podem gerar um desequilíbrio no controle inflacionário. A próxima reunião do Copom, em setembro, sinaliza um aumento de 0,25% na taxa básica de juros. Com isso, o PIB pode manter a tendência de alta sem prejuízo dos preços internos e da demanda agregada”, analisa Diego Pereira, economista-chefe da APAS.