A chinesa Didi informou nesta sexta-feira que começará "imediatamente" a sair da Bolsa de Valores de Nova York e mudará para Hong Kong, poucos meses após seu desastroso IPO (abertura de capital). "Depois de um estudo cuidadoso, a empresa começará a fechar o capital na Bolsa de Valores de Nova York imediatamente e iniciará os preparativos para o registro em Hong Kong", escreveu a empresa de transporte on-line, que é dona do aplicativo 99 no Brasil, em sua conta verificada no Weibo, uma plataforma popular semelhante ao Twitter na China.
Em uma outra declaração, em inglês, informou que seu conselho de administração autorizou a empresa a se retirar da Bolsa de Nova York, ao mesmo tempo em que garante que suas ações "serão convertíveis em ações livremente negociáveis em outra bolsa de valores internacionalmente reconhecida." Ainda de acordo com informações da "CNN Business", o conselho autorizou a Didi a listar suas ações na Bolsa de Hong Kong.
O anúncio foi feito apenas cinco meses depois de a Didi lançar seu "blockbuster", uma oferta pública inicial de ações de US$ 4,4 bilhões nos Estados Unidos - uma decisão que se transformou em um fiasco para a empresa. O preço de suas ações despencou enquanto Pequim reprimia a companhia, dizendo, logo após a oferta, que iria banir a Didi das lojas de aplicativos na China. O governo chinês alegou que a Didi infringia as leis de privacidade e representava riscos à segurança cibernética. As ações da empresa agora valem cerca de metade de seu preço de IPO de US$14, uma perda de quase US$30 bilhões em capitalização de mercado.
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A decisão de Pequim em relação a Didi foi amplamente vista como uma punição por sua decisão de abrir o capital no exterior, e a empresa se tornou um exemplo dos esforços da China para controlar o que o governo vê como empresas indisciplinadas de Big Tech. Nas semanas após o IPO, as autoridades chinesas propuseram que as companhias com dados sobre mais de um milhão de usuários buscassem aprovação antes de listar ações no exterior.
Também houve sinais recentes de que a Didi deixaria Nova York. Na semana passada, a Bloomberg relatou, citando fontes anônimas, que a Administração do Ciberespaço da China pediu aos principais executivos da empresa que elaborassem um plano para fazer exatamente isso.
A pressão sobre as empresas chinesas que negociam nos Estados Unidos não vem apenas de Pequim. Washington também está "apertando" as companhias da segunda maior economia do mundo. Na quinta-feira, a Comissão de Valores Mobiliários dos Estados Unidos finalizou as regras que permitiriam a remoção da lista de empresas estrangeiras que se recusassem a abrir seus livros aos reguladores americanos. A China rejeitou por anos as auditorias americanas de suas empresas, citando preocupações com a segurança nacional.
As novas regras podem ter consequências generalizadas para muitas empresas chinesas que negociam nos Estados Unidos, incluindo Alibaba (BABA), JD.com (JD) e Baidu (BIDU). As três empresas também comercializam em Hong Kong.
As empresas de tecnologia chinesas ficaram abaladas com as notícias da Didi nesta sexta-feira. A empresa de comércio eletrônico JD.com caiu mais de 7%, enquanto o Alibaba perdeu 5%. O Baidu caiu 3,6%. A empresa de jogos e música online NetEase, que também é comercializada em Nova York, caiu 8%.