Em meio à alta da inflação — que já chega a 10,65% em 12 meses — brasileiros planejam aproveitar os descontos da Black Friday para antecipar as compras de Natal.
De acordo com levantamento da NielsenIQ/Ebit, 40% dos consumidores estão na expectativa de encontrar preços mais baixos na já tradicional data de promoções importada dos Estados Unidos, na próxima sexta-feira.
Entre os 3.281 consumidores entrevistados em setembro, a intenção de compra de produtos para a família durante a Black Friday visando ao Natal subiu de 31% no ano passado para 33% agora.
Outro levantamento, da Cuponomia, apontou que seis em cada dez consumidores estão na expectativa de encontrar melhores preços na Black Friday antes da chegada da temporada de compras das festas de fim de ano.
Os que pretendem adiantar compras para presentear outras pessoas passaram de 19% em 2020 para 23% este ano.
Keine Monteiro, gerente de inteligência da Ebit Nielsen, avalia que a inflação é um dos fatores por trás desse desejo de antecipação das compras natalinas.
Eletrônicos e bebidas na mira
Com o orçamento apertado por causa da redução do poder de compra, pode economizar aquele que se planeja e pesquisa preços para aproveitar promoções. E, para isso, o comércio eletrônico tem as ferramentas ideais, diz Monteiro:
"Isso com certeza mexe no bolso do consumidor. Ele vai para o on-line porque consegue comparar preços e itens, e ainda consegue obter o produto muitas vezes com frete grátis, o que é um grande impulsionador de vendas. É o momento em que ele consegue economizar e fazer uma compra consciente."
Um levantamento sobre as categorias mais buscadas pelos consumidores no período da Black Friday mostra os eletrônicos no topo da lista. Estão no alvo de 44% de 2.336 consumidores entrevistados.
É um segmento cujos preços ficaram mais salgados nos últimos meses com a alta do dólar, já que concentra muitos produtos importados. Em segundo lugar, fica a categoria de eletrodomésticos, com 39% das intenções de compra.
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Veja as categorias de produtos mais buscadas
Top 10 categorias em intenção de compra, Black Friday 2020 vs 2021
- Eletrônicos (43% em 2020, 44% em 2021)
- Eletrodomésticos (37% em 2020, 39% em 2021)
- Casa e Decoração (29% em 2020, 30% em 2021)
- Informática (29% em 2020, 29% em 2021)
- Moda (27% em 2020, 28% em 2021)
- Cosméticos e Perfumaria (21% em 2020, 24% em 2021)
- Telefonia / Celulares (25% em 2020, 23% em 2021)
- Livros (18% em 2020, 18% em 2021)
- Games (13% em 2020, 15% em 2021)
- Alimentos e bebidas (12% em 2020, 14% em 2021)
Base de entrevistados: 2.336
Estoque para as festas
Realizada anualmente desde 2013, a pesquisa da Ebit Nielsen sobre a Black Friday registrou pela primeira vez neste ano a categoria de alimentos e bebidas entre as dez que mais interessam aos consumidores, com 14% dos desejos de consumo.
E, segundo estimou a Nielsen ao GLOBO, mais da metade (55%) dessas compras devem ser direcionadas para bebidas alcoólicas.
Nas promoções que antecedem a Black Friday, os três itens mais vendidos neste segmento pelas lojas, entre 1º e 18 de novembro, foram vinho, cerveja e whisky, respectivamente. As bebidas estão entre os itens que mais têm contribuído com a inflação.
A cerveja acumula alta de 7,62% em 12 meses, segundo o IPCA, do IBGE, e outras bebidas alcoólicas subiram 8,56% no mesmo período. É de se esperar que os brasileiros queiram aproveitar os descontos também para economizar com os itens que irão à mesa nas festas de Natal e Ano Novo.
"Pode já ser um adiantamento para as festas", avalia Keine Monteiro, da Ebit Nielsen, para quem a expansão do comércio eletrônico e o crescimento dos marketplaces ampliaram a oferta de produtos para os consumidores, incluindo os do setor de alimentos e bebidas.
Além disso, a redução do custo do frete e dos prazos de entrega com os recentes investimentos das empresas em logística, atraem o consumidor.
"A gente viu essa categoria (de alimentos e bebidas) crescendo muito, foi uma surpresa. A seleção de produtos disponíveis na Black Friday vem sendo ampliada e a velocidade com que as entregas estão ocorrendo melhorou muito", observa Monteiro.