A ONG pró-consumidor Instituto de Defesa Coletiva protocolou na Justiça Federal uma ação civil pública contra o INSS e o DataPrev , responsável pelo repasse de informação dos pensionistas ao órgão, por violarem a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Segundo a ONG, houve vazamento de dados pessoais de beneficiários do Regime Geral de Previdência Social , controlado por INSS e DataPrev. O Instituto de Defesa Coletiva ainda alega que houve omissão dos órgãos federais para resolverem fraudes cometidas por bancos nos contratos de empréstimos consignados.
O medo de ser vítima de fraude ou de violação dos dados pessoais assombra 86% dos brasileiros . Para a grande maioria dos cidadãos (91%), o número de fraudes e golpes envolvendo dados pessoais aumentaram durante a pandemia. Nos últimos 12 meses, mais de 40% relatam que, eles próprios ou seus familiares, foram vítimas de recebimento de mensagens ou ligações com solicitações fraudulentas de dados pessoais ou bancários.
Os dados são da 7ª edição do Observatório da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) — Pesquisa Febraban-Ipespe (Instituto de Pesquisas, Sociais, Políticas e Econômicas), que investigou como o brasileiro vê a s egurança de dados no país e os crimes envolvendo violação de informações pessoais.
A pesquisa será o tema de um debate, transmitido nos canais da Febraban, nesta sexta-feira, às 12h, com a participação da executiva de Precenção de Fraudes do Banco do Brasil, Lia Maria Pilatti Machado, o especialista em cyber intelligence da Deloitte, Eder Abreu, e do sociólogo e cientista político Antônio Lavareda, presidente do Conselho Científico do Ipespe.
A percepção dos brasileiros está em linha com os dados da Febraban que apontam de fato, um aumento de 100% nos ataques de phishing, armadilha feita com uso de engenharia sociais para fisgar a vítima, no primeiro bimestre deste ano, em relação ao ano passado. As fraudes relacionadas a falsas centrais telefônicas e falsos funcionários de bancos, por sua vez, diz a instituição, tiveram alta de 340% no mesmo período.
Isaac Sidney, presidente da Febraban, ressalta que a pandemia acelerou enormemente o ritmo da inovação tecnológica, imprimiu forte velocidade à digitalização, resultando em rápida mudança nos hábitos das pessoas, que dificilmente irão se comportar ou agir como antes. Tudo isso, deixou ainda mais vulnerável cidadãos e empresas.
"No cenário atual, temos de ficar ainda mais atentos e unir esforços para vencer um delinquente invisível, que é o criminoso cibernético. Os crimes digitais preocupam empresas e cidadãos de todo o mundo. No Brasil, estes crimes cresceram ainda mais do que em outros países. O setor bancário investe, por ano, R$ 25,7 bilhões para que os clientes tenham serviços digitais a sua disposição e R$ 2,5 bi para a proteção contra tentativas de ataques digitais", destaca Sidney.
Os bancos estão no topo da lista das empresas nas quais os brasileiros confiam em deixar seus dados, com 65%, seguidos por comércio ou lojas físicas, 61%, lojas on-line, 57%, fintechs, 57%, e seguradoras, 52%.
Apesar de mostrarem um grande grau de confiança nas companhias para manter suas informações seguras (70%), mais da metade (56%) dos brasileiros, entende que os riscos de fornecer dados sociais a empresas e instituições supera os benefícios que pode obter com essa prática.
Na avaliação de Lavareda, o levantamento mostra que há um grande desconhecimento dos brasileiros sobre o que é feito com seus dados. Mais de um terço (35%) admite não ter ideia o destino dados as informações coletadas a seu respeito.
Para o cientista político há também uma certa inocência, já que cerca de 40% ainda acreditam que as empresas e instituições só têm acesso as informações pessoais caso tem sido fornecido o seu consentimento. E outros 53% consideram ter controle sobre os seus dados pessoais, apesar de 79% acreditar que toda ou a maior parte da sua atividade de navegação na internet é monitorada.
"O levantamento mostra que as pessoas desconhecem as legislações que tratam do tema, assim como boa parte não lê os termos de privacidade e entre os que leem, muitos não entendem. Tudo isso mostra a necessidade de que o sistema de Justiça e os governos divulguem essas leis, não esperem que as pessoas aprendam unicamente com a suas experiências. Só com conhecimento o cidadão estará mais seguro", avalia Lavareda.
Mesmo não conhecendo a legislação, 76% dos entrevistados defendem regras mais severas. No entanto, se mostra otimista, 62% acreditam que as fraudes com a implementação das leis em vigor.
A pesquisa mostra mais de um terço dos brasileiros apenas às vezes, raramente ou nunca se preocupam com o uso de senhas fortes como forma de se proteger de fraudes. E 36% sempre ou frequentemente fornecem seus dados ao realizar compras em lojas física ou sites. Outros 33% dizem frequentemente aceitar a política de cookies, que monitora a navegação na internet.
"Se boa parte das pessoas ainda não se preocupa com a senha, que é a chave de proteção de seus dados, imagina com o resto. As pessoas aceitam os cookies sem entender que está dando o consentimento de suas informações hoje e no futuro", destaca Lavareda.