“Para que tenhamos bons alimentos na gôndola, eles têm que ser produzidos da maneira correta”, afirma Anita Gutierrez, chefe do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da Ceagesp
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“Para que tenhamos bons alimentos na gôndola, eles têm que ser produzidos da maneira correta”, afirma Anita Gutierrez, chefe do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da Ceagesp

No ano passado, os supermercados brasileiros desperdiçaram o equivalente a R$ 3,9 bilhões em frutas, legumes, verduras e produtos das seções de padaria, peixaria e açougue. Os dados foram divulgados nesta quarta-feira (15) pela Associação Brasileira de Supermercados (Abras).

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O levantamento, feito em parceria com a FIA (Fundação Instituto de Administração (FIA), levou em conta os números apurados em 2.335 supermercados do país. Apenas em frutas, legumes e verduras, o desperdício chegou a R$ 1,8 bilhão no ano passado - aproximadamente R$ 600 mil a mais do que o verificado em 2016.

Na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo), empresa estatal de abastecimento que recebe produtos de 1.500 municípios brasileiros e 14 países e comercializa de 10 a 12 mil toneladas de alimentos todos os dias, as perdas diárias são estimadas em 1,3% (em média, 143 toneladas).

Segundo Anita Gutierrez, chefe do Centro de Qualidade, Pesquisa e Desenvolvimento da Ceagesp, é importante que o alimento seja de boa qualidade já no momento da colheita para evitar o desperdício.

“O tratamento pós-colheita [aplicação de cera] ajuda, mas não resolve”, explica. “Para que se tenha um bom produto na gôndola, ele tem que ser produzido da maneira correta”.

Alimentos estragados

Entre os principais problemas que levam os alimentos à podridão, de acordo com Anita Gutierrez, são os danos mecânicos na colheita e na pós-colheita
Agência Brasil/EBC
Entre os principais problemas que levam os alimentos à podridão, de acordo com Anita Gutierrez, são os danos mecânicos na colheita e na pós-colheita

Entre os principais problemas que levam os alimentos à podridão, de acordo com Anita, são os danos mecânicos na colheita e na pós-colheita, principalmente no manuseio e no momento da embalagem. Além disso, os machucados nas verduras e legumes, por exemplo, reduzem consideravelmente o seu valor.

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Outro ponto levantado pela especialista é a diferença de temperatura à que o produto é submetido no período entre a colheita e o transporte. Alguns alimentos são transportados sob refrigeração e, quando chegam ao destino final, levam um choque térmico, o que acelera seu metabolismo e, consequentemente, a perda de sua qualidade.

Luiz Cornacchioni, diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), também destacou que metade das perdas do setor ocorre durante a logística, processo que envolve armazenagem, circulação e distribuição de produtos.

Segundo Cornacchioni, a meta é reduzir os intermediários existentes entre a roça e os supermercados, permitindo mais ganhos para o produtor e preços mais baixos para o consumidor.

Agricultura familiar

Em junho deste ano, a Abras firmou protocolo de intenções para aumentar o relacionamento dos supermercados com os alimentos provenientes da agricultura familiar
Divulgação/Ministério do Desenvolvimento Agrário
Em junho deste ano, a Abras firmou protocolo de intenções para aumentar o relacionamento dos supermercados com os alimentos provenientes da agricultura familiar

Hoje, cerca de 3,5 milhões de famílias trabalham neste setor, sendo 600 mil em cooperativas. Em junho deste ano, a Abras firmou protocolo de intenções para aumentar o relacionamento dos supermercados com a agricultura familiar e alguns técnicos já estão sendo capacitados para esse acompanhamento.

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Um dos objetivos da associação é criar uma identificação nos produtos oriundos da agricultura familiar. Nos supermercados, os alimentos ficarão em gôndolas específicas e destacarão o diferencial da agricultura familiar, como o respeito ao meio ambiente, à sustentabilidade e à preocupação social.


*Com informações da Agência Brasil

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