Presidente do BC nega chantagem do banco para aprovação da nova Previdência

Roberto Campos Neto, porém, admite que novas regras para aposentadoria são um fator preponderante de percepção de risco sobre a economia do País

'Não existe nenhum tipo de chantagem [no Congresso]', garantiu Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central
Foto: Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil - 13.3.19
'Não existe nenhum tipo de chantagem [no Congresso]', garantiu Roberto Campos Neto, presidente do Banco Central

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou nesta quinta-feira (27) que a autoridade monetária não está pressionando o Congresso pela reforma da Previdência, embora esse seja um fator preponderante de percepção de risco sobre a economia brasileira. Mais cedo, o BC divulgou novas projeções para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) e da inflação, e ambas foram revisados para baixo.

Leia também: Maia anuncia retorno da comissão especial na terça e busca acordo com líderes

"Não existe nenhum tipo de chantagem, de forma alguma há pressão no Congresso. Quando existe um fator de risco importante, temos de citar porque faz parte da análise do Copom [Comitê de Política Monetária]", afirmou Campos Neto durante a apresentação do Relatório Trimestral de Inflação, na sede do Banco Central .

O presidente também enfatizou que o cenário-base do BC é o da aprovação da reforma, e que ainda não é possível precificar o impacto da não aprovação do texto na política monetária. "Não sabemos o teor da reforma que vai ser aprovada, não é trabalho do Banco Central fazer essa análise. O que fazemos sempre é analisar o balanço de riscos e propor um caminho que seja razoável para a sustentabilidade do crescimento econômico", explicou.

Revisão do crescimento

Mais cedo, o Banco Central divulgou novas projeções para a economia brasileira. O crescimento do PIB para 2019 foi revisado de 2% para 0,8%, ante uma atividade econômica ainda fraca, sobretudo no setor industrial. A inflação para os próximos dois anos ficará abaixo de 4%.

Leia também: Governo busca liberar R$ 10 milhões por deputado pela Previdência

O presidente do BC também deu destaque à Agenda BC#, conjunto de medidas de impacto microeconômico que vem norteando a atual gestão do banco. Segundo ele, é através dessa frente que será possível diminuir os juros aos consumidores no Brasil, ainda em patamares muito elevados, mesmo diante da mínima histórica de 6,5% da taxa Selic .

Ontem (26), a autoridade monetária anunciou uma injeção de R$ 16 bilhões na economia por meio da redução do recolhimento dos compulsórios, montante que as instituições financeiras precisam deixar sob gestão do BC. Esses depósitos servem como um instrumento para regular a quantidade de dinheiro em circulação e ajudar no controle da inflação. A expectativa é de que, com a medida, os bancos tenham mais recursos livres para emprestar.

Leia também: Senado aprova teto de renda mais alto para concessão do BPC

Questionado se o BC está trocando instrumentos de política monetária (como a definição da taxa de juros) por mecanismos de promoção de liquidez no mercado (como a redução de compulsórios), Campos Neto  negou. "O compulsório não substitui a política monetária, não é essa nossa visão, não é essa nossa intenção. Temos uma agenda, a BC#, e isso [redução de compulsórios] está mais ligado a essa agenda", disse.