
Atire a primeira blusinha quem não gosta de se vestir bem. Não importa qual seja o estilo (ou o orçamento), o guarda-roupas de cada indivíduo diz muito sobre sua identidade cultural e sobre suas aspirações. Vestir-se bem é um luxo. Mas, para o planeta, pode também ser um lixo.
Impulsionado pelo fenômeno fast fashion, o comportamento dos consumidores mudou, afetando também a lógica da indústria e do varejo. A popularização das plataformas estrangeiras de e-commerce baixou o preço das blusinhas, enquanto o sucesso do TikTok multiplicou o número de influencers de moda. Afetados pela pandemia e por um sentimento de “eu mereço”, os usuários são cada vez mais levados pelos vídeos curtos da plataforma, que incentivam o consumo desenfreado.
Esse fenômeno comportamental traz consigo fortes impactos socioambientais negativos, que acompanham todos os passos da cadeia de produção e consumo. Deixa um rastro de poluição associado à fabricação e ao tingimento dos tecidos. Subjuga trabalhadores em condições precárias e subumanas. E se consuma na difícil tarefa de lidar com tantos resíduos – muitas vezes, roupas com pouco uso desprezadas pelos clientes sedentos de novidades; outras tantas, peças que vão diretamente para o descarte, por conta de excesso de estoque não vendido.
Esse caráter predatório do mercado, estimulado pela lógica do fast fashion, não inibe seu crescimento – nem a questão ambiental. Por mais que a sustentabilidade tenha ganhado destaque nos últimos anos, as ações efetivas não têm sido capazes de frear o avanço do hiperconsumo e seu dano ambiental.
Em meio a essa encruzilhada, a indústria tenta se reinventar. São iniciativas que trazem um respiro para um cenário que parece sem saída. A dúvida é se essas ações, coordenadas ou não, serão suficientes. O planeta espera por essa resposta – com urgência.

Revista ESG Insights nº 1 – Moda e sustentabilidade
Pra que tanta roupa? – Em meio a uma encruzilhada, a indústria tenta se reinventar
Planeta descartado – Lógica do fast fashion incentiva uma cultura de hiperconsumo e descarte: elementos incompatíveis com o futuro do meio ambiente
Escravos da moda – Do outro lado do mundo, ou em uma esquina perto de você, o trabalho forçado é usado para produzir os itens do seu armário
A um clique do consumo – Crescimento do comércio on-line estimula vendas por impulso e eleva participação do setor de moda no PIB
Um lookinho por segundo – TikTok impulsiona tendências no fast fashion e favorece o consumo exacerbado em busca da microssaciedade
Reinventando o futuro – Alternativas ao fast fashion visam garantir sustentabilidade e dignidade nas relações humanas
Germes de segunda mão – Roupas de brechó podem estar cheias de micro-organismos; veja o que é preciso saber
Afundando nas sobras – No dumpster diving , descarte de roupas feito pelas lojas tem outro destino: o guarda-roupa

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