Dólar ultrapassa os R$ 4,10 e Bolsa fica abaixo de 90 mil pontos
Moeda norte-americana subiu 1,62% e chegou ao maior valor em oito meses; o Ibovespa voltou aos 89 mil pontos e registrou seu pior desempenho no ano
O mercado brasileiro não se recuperou das perdas registradas no último pregão e terminou a semana de forma negativa. O dólar fechou esta sexta-feira (17) em alta de 1,62%, a R$ 4,1020, o maior valor desde 19 de setembro. O Ibovespa, por sua vez, registrou leve queda de 0,04% e chegou a 89.992 pontos. É a primeira vez que o indicador fica abaixo dos 90 mil pontos neste ano.
Nesta semana, a cotação do dólar acumulou alta de 4%, enquanto a Bolsa caiu 4,52%. Isso porque os últimos dias foram cheios de más notícias e incertezas para o País: além da divulgação de dados que apontam desaquecimento da economia , o governo enfrentou pressões como os protestos contra os cortes na educação e as investigações envolvendo o filho do presidente, o senador Flávio Bolsonaro (PSL).
Além disso, no exterior, a guerra comercial entre China e Estados Unidos continua preocupando os investidores e impactando moedas de países emergentes. Nesta sexta, os chineses reagiram às sanções dos norte-americanos contra a Huawei, afirmando que os EUA precisam mostrar sinceridade se quiserem manter as negociações para encerrar essa disputa.
O Banco Central deve intervir no câmbio para conter a alta do dólar. A autoridade monetária anunciou, no início da noite desta sexta, que fará os chamados leilões de linha – operação que equivale à venda de dólares com o compromisso de recompra no futuro – de segunda a quarta-feira da semana que vem, podendo chegar a US$ 3,75 bilhões no total.
Pessimismo
Na quarta-feira (15), o Banco Central divulgou o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br), uma espécie de prévia do PIB (Produto Interno Bruto), que teve queda de 0,68% no primeiro trimestre deste ano. Os números oficiais serão anunciados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 30 de maio, mas o IBC-Br reforça o pessimismo em relação ao crescimento econômico.
O presidente do BC, Roberto Campos Neto, atribuiu esse clima pessimista às incertezas sobre a aprovação das reformas apresentadas pelo governo, em especial a da Previdência . "A gente acha que a recuperação da atividade econômica foi parcialmente interrompida. As eleições acabaram sendo mais polarizadas. Quem tem dinheiro, espera. O investidor esperou, esperou e está esperando o momento [de investir]", declarou Campos Neto.
Hoje, foi a vez da FGV (Fundação Getúlio Vargas) divulgar perspectivas desalentadoras para o País: segundo dados do Monitor do PIB, a economia retraiu 0,1% no primeiro trimestre deste ano. "Esse cenário é desanimador quando se constata que os oito trimestres anteriores [de crescimento] não foram suficientes para estimular uma retomada significativa após a recessão de 2014-2016", explica Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB.