Irmãos largam pirataria para faturar R$ 60 milhões com camisetas de personagens

Empresários superaram desconfiança das grandes marcas e conseguiram licenciamento para lançar produtos no mercado

Foto: Alex Mantesso
Vinícius (à esquerda) e Felipe Rossetti começaram a revender camisetas em 2008


"Capitão América: Guerra Civil" é sucesso de bilheteria no Brasil. Apenas no fim de semana de estreia, o longa levou mais de 2,7 milhões de espectadores aos cinemas e arrecadou R$ 44 milhões. Aproveitando a onda, os irmãos Vinícius e Felipe Rossetti, donos da rede Piticas, lançaram mais uma das camisetas da marca, desta vez estampada com os protagonistas do filme.

Apesar da liberdade que possuem atualmente para criar novas peças baseadas em super-heróis, games, bandas e séries, o processo nem sempre foi assim tão simples. Ao longo dos anos de funcionamento da empresa, inaugurada em 2008, foi necessário que os empreendedores corressem atrás de licenciamentos de grandes marcas internacionais – como Disney, Marvel, Playstation e DreamWorks – para que pudessem fabricar suas próprias camisetas. No começo, quando ainda trabalhavam somente com revendas, os produtos não eram sequer licenciados. 

"A gente comprava camiseta na Galeria do Rock [tradicional conglomerado de varejo alternativo, no Centro de São Paulo] e revendia. Era meio complicado no começo. Conforme fomos abrindo quiosques, precisamos trazer a produção para nós. A gente teve essa necessidade, então começou a ir atrás das grandes marcas. Foi um processo difícil. Fomos conversando com um por um, mas alguns tiveram resistência por termos vendido coisas piratas antes", conta Vinícius. 

Atualmente, a dupla colhe os frutos dos esforços do passado – tanto para vender cada vez mais quanto para se enquadrarem na legalidade – e são ajudados pela grande evidência de filmes de super-heróis nos cinemas. A produção da fábrica da Piticas hoje gira em torno de 11 mil camisetas por mês, o que lhes rendeu um faturamento de R$ 60 milhões em 2015.

São 175 unidades franqueadas em quase todos os Estados do País (exceto o Tocantins). O processo de abertura de franquias começou ainda em 2011, quando os quiosques ainda trabalharam com produtos não-licenciados, e só veio crescendo desde então.

Foto: Alex Mantesso
Empresários esperam alcançar o faturamento de R$ 100 milhões ao final de 2016

A empresa atende aos públicos masculino, feminino e infantil, tendo como alvo principal os homens, de 18 a 34 anos, que, segundo o empresário, são os que integram o grupo das pessoas que gostam dos temas trabalhados pela marca. Os números são expressivos, mas ainda há muita demanda. Segundo o empresário, já foram inaugurados 45 novos quiosques desde o início do ano. A intenção é que, em dezembro, a marca atinja o total de 220 estabelecimentos.

Além disso, o e-commerce (comércio eletrônico) pode, em breve, se tornar uma realidade. O empreendedor conta que já está sendo fechado um acordo para a criação de uma loja virtual. "Isso tudo vai agregando e a gente continua a crescer", diz. 

Por meio destes investimentos, a ideia da rede é fazer o faturamento saltar para a casa dos R$ 100 milhões ao final deste ano. Para isso, também já estão sendo selados novos acordos. Em breve, avisa Vinícius aos fãs das camisetas, a Piticas lançará estampas do filme Jurassic Park, de jogos da produtora Blizzard e das bandas Kiss e AC/DC.