Cupom de desconto, compra coletiva ou clube de benefício? Veja a melhor opção

Aderência às diversas modalidades pelas empresas e a busca por ofertas pelos consumidores aumentaram nos últimos anos

Sucesso nos Estados Unidos, os cupons de desconto estão se tornando os queridinhos também dos brasileiros. Há hoje na internet, dezenas de sites que agregam cupons de vários estabelecimentos. Eles são gratuitos e podem ser usados facilmente.

De uma maneira geral, os consumidores acessam esses sites agregadores de cupons, escolhem os cupons que mais lhes interessam e anotam os códigos gerados por eles. Os compradores são direcionados para os sites das lojas, onde efetuam a compra normalmente. Na área de pagamento, inserem ou colam o código em um campo reservado para o preenchimento de dados do voucher, e o desconto é deduzido do valor final, de acordo com a oferta.

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Cuponation exibe opções de cupons em vários estabelecimentos


O consumidor tem acesso a várias categorias de produtos e serviços e ainda economiza tempo e dinheiro. É possível fazer buscas rápidas em milhares de lojas online, escolher em poucos minutos a melhor oferta para o produto que deseja e encontrar o melhor cupom de desconto.

"O cupom de desconto é o que o público mais gosta, porque além de ser mais fácil de usar, o consumidor vê o preço diminuindo no carrinho e fica satisfeito", diz Maria Fernanda de Azevedo, cofundadora e CEO do site Cuponation.

A procura por cupons cresceu 4.900% entre novembro de 2007 e novembro de 2015, segundo o maior buscador online, Google. Quando foi lançado, em dezembro de 2012, o Cuponation tinha 300 ofertas e cupons ativos. Em 2014, esse número saltou para 4,5 mil, atingindo mais de 5 mil no final de 2015, de acordo com levantamento da empresa.

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Exemplos de cupons de desconto

"Vimos um crescimento bem grande no número de ofertas de cupons de desconto. A loja que não oferece cupom de desconto está em desvantagem hoje em dia, porque o consumidor gosta de pesquisar, economizar e encontrar vantagens", conta Azevedo.

A estudante Tayna Pereira de Sousa, 20 anos, é consumidora dos cupons de desconto e e costuma acessar sites de ofertas que devolvem ao consumidor parte do dinheiro usado na compra de produtos e serviços.

"Uso os cupons de desconto pelo menos uma vez a cada dois meses, especialmente para comprar livros. Além de receber descontos de até 20%, ainda consigo resgatar parte do dinheiro. Já consegui economizar R$ 30 em um tênis e R$ 20 em uma bolsa. Fico esperando os cupons para fazer as compras", conta a universitária.

Um levantamento feito pela Cuponation em 30 de março com os 10 procutos eletrônicos mais procurados pelos consumidores (máquina fotográfica, TV, smartphone, tablet, notebook, game, caixa de som, relógio, impressora e headphone) mostrou que a economia feita com o uso de cupons de descontos é de R$ 1,6 mil.

Outra pesquisa realizada em janeiro deste ano pela mesma empresa já havia mostrado que o consumidor economiza mais de R$ 650 ao comprar itens da linha branca (geladeira, lavadora de roupas, fogão e micro-ondas) com cupom de desconto online.

Mas os cupons de desconto não são um bom negócio apenas para os consumidores. Os varejistas também saem ganhando, e não é apenas com o crescimento das vendas.

"Não apenas melhoramos e aumentamos as vendas e gerenciamos estoques, como diminuimos a desistência no carrinho de compra e ajudamos a trazer novos clientes para as lojas online e a fidelizar clientes antigos”, explica Azevedo.

"Compra coletiva"

Outros modelos de negócio como o site Groupon, especializado até 2014 em compras coletivas, também se rendeu aos cupons de desconto. 

“A gente mudou o posicionamento porque vimos que o rótulo ‘compra coletiva’ não definia mais o nosso negócio. Passamos a nos denominar uma empresa de e-commerce local que disponibiliza em torno de 6 mil ofertas, e qualquer uma delas está válida desde que você tenha efetuado a compra. Não é mais necessário que haja um número mínimo de consumidores para que as ofertas sejam disparadas. E com o cupom de desconto temos uma combinação enorme nesse novo modelo de negócio. Nossa missão é prover para  o usuário uma nova experiência”, explica o vice-presidente do Groupon João Pedro Serra.

A assistente comercial Gabriela Sansão, 30 anos, é uma voraz consumidora dos cupons de promoção e de ofertas de sites como o Groupon. “Com a crise, a gente tem usado bastante [as ofertas] para conseguir comer fora e fazer um programa em família. Comprei esses dias um almoço para mim, para o meu marido e para o meu filho no restaurante do Parque da Mônica na oferta. Também uso muito os cupons de desconto para comer em restaurantes de fast food e de comida mexicana. O mexicano, por exemplo, sai por R$ 25 ou R$ 30 por pessoa. Sem o cupom, sai por R$ 45 ou R$ 50”, conta Sansão.

“Comer fora ficou muito caro, então eu fico caçando desconto na internet e o que me interessa eu pego e tento utilizar; geralmente conseguimos economizar  de R$ 10 a R$ 20 então vale a pena, ajuda bastante”.

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Site do Groupon

O funcionário público Adalberto Valdemir Oliveira costumava fazer compras frequentes em sites de compra coletiva por causa dos preços convidativos e dos descontos de até 50%, mas suspendeu as atividades recentemente.

“Você entra na promoção e a mão fica coçando para clicar na oferta e fazer a compra. Percebi que é melhor não ver. É muito vantajoso, mas é necessário ter muita cautela, você começa a comprar e vai no embalo, quer comprar tudo, daí na hora pagar o cartão, o bicho pega", diz.

O coordenador da pós-graduação em Gestão Estratégica no Varejo do Ibmec/RJ, Haroldo Monteiro, reitera que as compras devem ser conscientes e muito bem pensadas.

“Analise a sua condição atual a avalie se você vai mesmo precisar daquele produto. A compra não deve ser feito nunca por impulso. Muitas vezes a gente compra mercadoria que não usa, produto que perde a validade, roupa que sai da moda”, exemplifica.

“Você deve ser especialmente criterioso com as compras coletivas, saber efetivamente se a oferta atende as suas necessidades porque você está pagando antecipado. As ofertas são um pouco restritas e a qualidade dos serviços, às vezes, duvidosas, então têm que tomar cuidado”.

Descontos locais

Há empreendedores que têm apostado na criação de aplicativos especializados na divulgação de cupons de desconto de alguns segmentos. Esse é o caso do gaúcho Gabriel Xavier, fundador do aplicativo Mobo, usado por consumidores de Porto Alegre e Curitiba que são amantes de gastronomia.

“Temos uma legião de usuários. Nossa base está concentrada na região sul, são 400 mil no total. Trabalhamos apenas com restaurantes selecionados. O consumidor acessa o aplicativo, escolhe o lugar onde quer almoçar ou jantar, ou pede a refeição por delivery,  baixa o cupom disponibilizado por aquele estabelecimento e o apresenta no restaurante”.

O aplicativo oferece mais de 100 lugares onde o consumidor pode pagar um pouco menos. Cada restaurante trabalha com 20 cupons por dia, que expiram em 24 horas e geralmente proporcionam 20% de economia.

“Não permitimos descontos muito agressivos para que os restaurantes não dependam apenas da ferramenta do desconto e não atraiam o público errado. Nosso foco não é o preço, é o consumidor que tem o perfil mais elevado, que conhecidamente vai até o estabelecimento, e que, por ter o benefício, acaba consumindo outros produtos, o Mobo gera mais consumo extra.”

Xavier conta que dobrou o número de empresas que fizeram parceria com o Mobo no último ano. O aplicativo anuncia cupons de mais de 200 restaurantes e já foi baixado 400 mil vezes.

“O número de empresas que estão aderindo ao aplicativo vem aumentando desde 2012. Elas reclamam que a compra coletiva não é interessante porque antecipa valores, e a margem que os restaurantes acabam tendo nessa operação é negativa. A conta não fecha. Isso faz com que os restaurantes trabalhem sazonalmente com compras coletivas; os clientes que eles conquistaram com o Mobo, por outro lado, se tornam fieis”.

Clube de beneficios

Nem cupom de desconto, nem compra coletiva.  A terceira opção para quem não perde uma promoção são os clubes de benefício. O ChefsClub é um negócio que se enquadra nesse modelo. Quem deseja fazer parte do clube, paga a assinatura anual de um cartão de metal, e ganha descontos de 30% a 50% em 1700 restaurantes de 49 cidades do Brasil.

Nessa modalidade, o consumidor não precisa apresentar cupons de desconto nos estabelecimentos, apenas se identificar como sócio do clube.

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Site do ChefsClub

“Nos preocupamos muito com o atendimento ao consumidor até o momento que ele efetivamente chega no restaurante, diferentemente do que acontece com o consumidor da compra coletiva, que é tratado como um cliente de segunda classe” explica Bruno Serman, um dos sócios do negócio.

“O modelo de cupom não é útil para fidelizar os clientes. São modelos de negócio diferentes, posicionamentos diferentes. Não queremos apenas o cara que está caçando o desconto, queremos o cara que quer mais experiências para comer fora e precisa de um incentivo para isso. No nosso caso, em três usos você já compensa a assinatura”, complementa.

O fato é que há muitas formas de oferecer descontos e de ser beneficiado por eles, seja você um empreendedor ou um consumidor. O grande negócio é refletir sobre qual opção é mais vantajosa para o seu tipo de empreendimento, como empresário, ou para o seus objetivos, como comprador. E claro, se você é um consumidor, é necessário consumir de forma consciente.

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