O salário mínimo para sustentar uma família de quatro pessoas em janeiro deste ano deveria equivaler a R$ 3.752,65, de acordo com estimativa do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese). O valor é 3,93 vezes o atual mínimo de R$ 954, reajustado abaixo da inflação medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), que ficou em 2,07% em 2017.
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Para realizar a projeção do salário mínimo ideal , o Dieese levou em consideração a capital com a cesta básica mais cara. De acordo com seu levantamento, Porto Alegre tem a cesta com os maiores preços, avaliada em R$ 446,69. A diferença entre valor recebido pelos brasileiros e o ideal aumentou de dezembro para janeiro. No último mês de 2017, o salário mínimo era de R$ 937 e o piso ideal era de R$ 3.585,05.
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Com isso, os rendimentos mínimos de um trabalhador com carteira assinada deveria ser 3,83 vezes o piso vigente. Realizada mensalmente, a pesquisa leva em conta a Constituição, que estabelece que o salário deve suprir despesas do trabalhador e de sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência.
Tempo necessário para comprar a cesta básica
Ainda de acordo com o Dieese, com o salário mínimo atual, o tempo médio necessário para comprar os produtos da cesta básica foi de 89 horas e 29 minutos. O tempo aumentou em relação a dezembro de 2017, quando foi necessário 86 horas e 4 minutos para adquirir a cesta com o mínimo em R$ 937.
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Retirando os descontos relacionados à Previdência Social, o trabalhador teve que comprometer 44,2% da remuneração para adquirir os mesmos itens que, em dezembro do ano passado, demandavam 42,5% do piso salarial.
Menor reajuste em 24 anos
O reajuste de 1,81% no salário mínimo foi o menor dos últimos 24 anos. Pela legislação, as correções devem se basear na variação do INPC dos 12 meses anteriores para manter o poder de compra dos brasileiros. Com isso, a atualização correta deveria levar o piso para R$ 956,40. A lei também prevê uma valorização real baseada no crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) do anterior. Como o PIB de 2016 foi negativo, este critério não foi considerado.