Kodak pode encerrar operações após 133 anos

Gigante da fotografia luta para se manter relevante em meio a dívidas e um mercado em constante mudança

Eastman Kodak, ícone da fotografia, enfrenta grave crise financeira
Foto: Markus Spiske/Unsplash
Eastman Kodak, ícone da fotografia, enfrenta grave crise financeira
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A Eastman Kodak, empresa de fotografia com 133 anos de história, enfrenta a possibilidade de encerrar suas operações devido a uma dívida de aproximadamente 500 milhões de dólares (cerca de R$ 2,7 bilhões) que está prestes a vencer, conforme alertou a investidores em seu mais recente relatório de resultados.

A companhia, que já foi um ícone da indústria fotográfica, admitiu em um documento que não possui " financiamento comprometido ou liquidez disponível " para honrar suas obrigações, o que, segundo a própria empresa, " levanta dúvidas substanciais sobre a capacidade da companhia de continuar operando ".

Como resultado do anúncio, as ações da Eastman Kodak (KODK) despencaram mais de 25% nas negociações de terça-feira (12).

Para tentar gerar caixa, a Kodak planeja suspender os pagamentos de seu plano de pensão e aposentadoria.

A empresa também declarou que não espera que as tarifas de importação tenham " impactos materiais " em seus negócios, uma vez que muitos de seus produtos, como câmeras, tintas e filmes, são fabricados nos Estados Unidos .

Apesar do cenário negativo, o CEO da Kodak, Jim Continenza, demonstrou otimismo. " No segundo trimestre, a Kodak continuou a progredir em relação ao nosso plano de longo prazo, apesar dos desafios de um ambiente de negócios incerto ", afirmou ele no comunicado de resultados.

Em uma declaração à CNN na terça-feira, um porta-voz da Kodak reforçou a confiança da empresa em sua recuperação, dizendo que estão " confiantes de que conseguirão pagar uma parte significativa de seu empréstimo a prazo bem antes do vencimento e alterar, estender ou refinanciar nossas obrigações de dívida e/ou ações preferenciais restantes ".

Crise anunciada

Os números financeiros da Eastman Kodak Company para o primeiro trimestre de 2025, detalhados em seu relatório oficial, detalham um cenário que justifica o alerta recente da empresa sobre sua sobrevivência.

A companhia registrou um prejuízo líquido de 7 milhões de dólares (aproximadamente R$ 37,8 milhões), revertendo drasticamente o lucro de 32 milhões de dólares (cerca de R$ 172,8 milhões) obtido no mesmo período do ano anterior.

A receita total manteve-se praticamente estável, com uma leve queda de 249 para 247 milhões de dólares. Porém, enquanto a divisão de Materiais Avançados e Químicos cresceu 25%, o tradicional e ainda principal negócio de Impressão encolheu 9%, refletindo a contínua dificuldade da Kodak em seu mercado histórico.

O relatório reforça a urgência da situação ao apontar a diminuição das reservas de caixa, que caíram de 201 para 158 milhões de dólares em apenas três meses.

Mais crítico, o documento confirma a existência de " dúvidas substanciais sobre a capacidade da empresa de continuar operando ", citando a falta de " financiamento comprometido ou liquidez disponível " para quitar as dívidas que vencem em maio de 2026.

Essa admissão formaliza a gravidade da crise, conectando o desempenho financeiro diretamente ao risco iminente de um possível encerramento das atividades.


Ascensão e queda

Fundada em 1892, a Eastman Kodak Company revolucionou a fotografia, tornando-a acessível às massas com a primeira câmera Kodak, vendida por 25 dólares em 1888.

A empresa dominou o mercado por um século, chegando a ser responsável por 90% das vendas de filmes e 85% das de câmeras nos Estados Unidos durante a década de 1970, segundo a revista The Economist.

A Kodak inventou a primeira câmera digital em 1975, mas falhou em capitalizar a nova tecnologia. A empresa entrou com pedido de falência em 2012, com dívidas que totalizavam 6,75 bilhões de dólares (cerca de R$ 36,4 bilhões).

Recentemente, a companhia busca se reinventar, expandindo sua atuação para a fabricação de filmes e produtos químicos para empresas, incluindo a indústria cinematográfica, e licenciando sua marca para diversos produtos de consumo.