Privatizar trechos da Petrobras não é desmonte, defende presidente
Roberto Castello Branco defendeu que plano de desinvestimentos busca tornar estatal mais competitiva, com recursos em áreas mais rentáveis
Por Agência Brasil |
09/10/2019 12:50:55
O presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, declarou nesta terça-feira (8) que a venda de ativos da estatal petrolífera não representa o “desmonte” da empresa, conforme críticos da decisão apontam.
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Segundo o executivo, o “processo de desinvestimento” visa fortalecer a estatal , concentrando os recursos humanos e financeiros de que a empresa dispõe em atividades mais rentáveis e sustentáveis a longo prazo.
Em audiência pública da Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados, Castello Branco confirmou que parte dos ativos da Petrobras no Nordeste estão à venda, como refinarias e prédios – entre eles, o edifício conhecido como Torre Pituba, um prédio de 22 andares erguido em Salvador, em 2010, por R$ 2.087 bilhões. Parte deste dinheiro saiu do fundo de pensão dos funcionários da empresa, o Petros.
Já iniciado, o processo de desocupação da Torre Pituba preocupa os cerca de 4 mil trabalhadores diretos e indiretos da Petrobras na Bahia. Segundo o Sindicato dos Petroleiros da Bahia (Sindipetro-BA), “a possibilidade cada vez mais real da saída da Petrobras do estado” pode resultar na demissão de milhares de trabalhadores concursados e terceirizados.
Segundo o presidente da estatal, as alegações de que a Petrobras vai deixar o Nordeste são “uma narrativa distorcida da realidade”. Embora confirme os planos de “racionalizar o uso de espaços” físicos, reduzindo o número de prédios ocupados em todo o país e no exterior, e vendendo alguns poços e refinarias, ele defende que não há risco de demissão de funcionários, com exceção daqueles que aderirem ao programa de desligamento voluntário.
“Gostaria de deixar claro que não há nenhum desmonte, nenhum fechamento da Petrobras no Nordeste , onde vamos continuar buscando a exploração em águas profundas”, disse Castello Branco, que destaca que a venda de ativos pode fomentar o surgimento de novas empresas que, seguramente, absorverão a mão-de-obra.
“No processo de desinvestimento, estamos ajudando na criação de novas indústrias, no nascimento de uma indústria do Petróleo de pequenos e médios produtores”, afirmou Castello Branco, garantindo que vários investidores nacionais têm demonstrado interesses nos bens da Petrobras e que o “processo de gestão de portfólio” da empresa segue uma “rigorosa política de seleção de potenciais compradores, além de cuidado com os colaboradores”.
“Quem comprar uma refinaria no Brasil certamente não vai chegar e demitir todo mundo. Não vai trazer marcianos para operá-la, pois quem sabe operar refinaria no Brasil são os funcionários da Petrobras ”, disse Castello Branco.
De acordo com o executivo, a decisão de se desfazer de parte dos ativos no Nordeste está baseada na avaliação de que, para a Petrobras, parte dos negócios na região se tornaram “irrelevantes”. Durante a audiência pública, o executivo chegou a dizer que “a natureza trabalhou contra a Petrobras no que diz respeito aos campos terrestres em águas rasas”, apontados como de menor produtividade e custos mais altos.
“Na Bahia, que já foi muito importante para a Petrobras, temos, hoje, 2.980 poços produtores, nos quais produzimos 27 mil barris de petróleo por dia e 3 milhões de metros cúbicos de gás natural. Isto representa respectivamente, 1% e 1,5% de toda a produção de petróleo e de petróleo e gás da empresa”, detalhou Castello Branco. “Lamentavelmente, nossa produção na Bahia ficou irrelevante. E em outros estados do Nordeste também. O Ceará, por exemplo, é responsável por 0,2% da nossa produção total de petróleo. O Rio Grande do Norte, por 2%. Alagoas, por 0,4%, e Sergipe por 1%”, acrescentou o presidente da Petrobras.
Nova prioridade
"Hoje, nossa maior preocupação não é com nossos concorrentes [diretos], mas sim com o que ocorre fora da indústria do petróleo. É com as inovações tecnológicas como, por exemplo, a eletrificação da frota de veículos, que tende a roubar demanda por petróleo”, citou o executivo, mencionando os prognósticos de que mudanças comportamentais e a preocupação com o meio ambiente freiem o consumo mundial de petróleo. Razão pela qual ele acredita que o Brasil deve acelerar a exploração do pré-Sal .
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“A estimativa é que o consumo global de petróleo tende a crescer cada vez mais lentamente, ou até mesmo a se estagnar ou se reduzir. O que nos resta, portanto, é concentrar recursos humanos, tecnológicos e financeiros para aproveitar nossas riquezas naturais, aproveitar o pré-Sal. Temos que aproveitar esta oportunidade já”, acrescentou Castello Branco.