Cinemark exibe filme pró-ditadura, pede desculpas e gera polêmica na internet
Filme "1964, o Brasil entre armas e livros" foi exibido em uma "agenda comemorativa" dos 55 anos do golpe; internautas se revoltam: "Cinemarx"
Por Brasil Econômico |
02/04/2019 09:24:53
A exibição de um filme pró-ditadura no Cinemark causou polêmica na internet. No último domingo (31), quando completaram-se 55 anos da data do golpe militar brasileiro, a rede de cinemas exibiu o longa "1964, o Brasil entre armas e livros".
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A exibição do filme no Cinemark fazia parte de uma "agenda comemorativa de 1964" amplamente divulgada por políticos do PSL (Partido Social Liberal) que se dizem defensores do periodo ditatorial no País.
O documentário, que conta com entrevistas de Olavo de Carvalho, William Waack e o deputado federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança, foi realizado pela empresa Brasil Parelo , que produz vídeos sobre a história do Brasil com viés de direita. Em seu site oficial, a produtora diz que o longa promete "resgatar a verdade sobre o período mais deturpado da nossa história".
O deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) chegou a divulgar o trailer em suas redes sociais, dizendo que o filme traria "falando verdades nunca antes contadas - muito menos pelo seu professor de história".
Cinema lotado, 300 pessoas para assistir ao filme "1964: o Brasil entre armas e livros", produzido pelo Brasil Paralelo @brasilparalelo . Sucesso já! E dia 02/ABR (terça) estará disponível grátis no site: https://t.co/aXR5BwmkwH pic.twitter.com/hR95BAYJ0K
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 31 de março de 2019
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Na internet, a exibição do filme a favor da ditadura militar na rede de cinemas enfureceu parte dos internautas, que subiam a hashtag #DitaduraNãoSeComemora.
O @cinemarkoficial e o @meupatiosavassi vão celebrar o Golpe Militar hoje, 20h, em sessão de cinema voltada para defensores da ditadura. Lembrem-se disso: o @cinemarkoficial e o @meupatiosavassi celebram a ditadura.
— Pablo Villaça (@pablovillaca) 31 de março de 2019
Queremos uma explicação sobre vocês estarem comemorando a ditadura hoje, dia 31/03... Dependendo da resposta de vocês, estou boicotando a Cinemark a partir de agora! #DitaduraNaoSeComemora
— Rodolpho Domingues (@RodolphoDoming1) 31 de março de 2019
meu deus as pessoas são burras demais, o problema não foi o cinemark passar um filme de direita ou esquerda, o problema foi passar um filme que COMEMORA A DITADURA porra!
— Tami Duckworth (@badgaltami) 1 de abril de 2019
Que decepção com o cinemark exibindo filme pró ditadura. @cinemarkoficial
— Ricardo Augusto (@augustrik) 31 de março de 2019
Amiga teve exibição de documentario passando pano p ditadura e torturador no cinemark eu me RECUSO sabe
— malu (@maluferroo) 1 de abril de 2019
Cinemark diz que cometeu erro e apoiadores do filme se revoltam
Com a repercussão do caso, o Cinemark emitiu uma nota em que diz que não se envolve com "questões político-partidárias". A rede de cinemas disse que houve um erro e que não sabia qual era o tema do evento que aconteceria no domingo (31) quando disponibilizou algumas salas para aluguel. "Reforçamos que não apoiamos organizizações políticas ou partidos e não tivemos qualquer envolvimento com a produção deste evento", ressalta.
— Cinemark Brasil (@cinemarkoficial) 1 de abril de 2019
Em resposta ao cancelamento da exibição do filme sobre o golpe de 1964 , internautas favoráveis à exibição do longa criticaram a decisão. Eles alegam que a empresa já exibiu filmes com conteúdo político, como " Lula , filho do Brasil" e questionam se "Marighella" entrará em cartaz.
Revoltados, os apoiadores do filme utilizam, no twitter, as hashtags #BoicoteCinemark, que pede para que as pessoas não vão mais à rede de cinemas, e #Cinemarx, em referência à Karl Marx.
O deputado Eduardo Bolsonaro se posicionou novamente: "Liberdade é botar o filme em cartaz e permitir que o cidadão decida o que ver", disse sobre a nota do Cinemark .
Total falta de respeito c/seu consumidor. Cinema se presta a exibir filmes pouco importando se de direita ou esquerda.Então por coerência n deveriam exibir o filme do Lula e do Marighella.Liberdade é botar o filme em cartaz e permitir que o cidadão decida o q ver @cinemarkoficial pic.twitter.com/X5MWoS3pCA
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 1 de abril de 2019
Teve professor demitido por sugerir passar o filme no colégio, membro do MP tentando proibir a exibição, cinemark dando desculpa esfarrapada que não era p/ passar o filme... Mas a censura perdeu! Amanhã 19h assista "1964" grátis na internet em: https://t.co/aXR5BwmkwH
— Eduardo Bolsonaro🇧🇷 (@BolsonaroSP) 2 de abril de 2019
O Brasileiro está aguardando a retratação do @cinemarkoficial pela cagada q foi feita na sala do shopping do @BotafogoPraia ! #vergonha #CINEMARX #BoicoteCinemark #BoicoteAoCinemark #boicoteCineMarx #censura #CensuraNuncaMais pic.twitter.com/vUxkfcimfh
— 🇧🇷Charles Reis (@charlesreis1) 2 de abril de 2019
O caso #Cinemark #Cinemarx é a mais clara amostra de que a liberdade de expressão (e neste caso pior, a liberdade artística) é uma falácia! Não teve nenhum problema em exibir filmes de Lula, Che ou Marighella. Mas um filme sobre outra ótica de 64, aí censura!
— Lukas Neusser (@LukasNeusser) 2 de abril de 2019
O caso #Cinemark #Cinemarx é a mais clara amostra de que a liberdade de expressão (e neste caso pior, a liberdade artística) é uma falácia! Não teve nenhum problema em exibir filmes de Lula, Che ou Marighella. Mas um filme sobre outra ótica de 64, aí censura!
— Lukas Neusser (@LukasNeusser) 2 de abril de 2019
Esquerdistas rindo do "Cinemarx". Acham que empresas não defendem pautas comunistas. Bando de jumento! Até hoje não sabem o que é marxismo cultural e metacapitalismo. É muita vontade de continuar pastando no curralzinho de professor trotskista semianalfabeto. #BoicoteCinemark pic.twitter.com/RiztvG6tYi
— Márcio Sakuma (@marcio_sakuma) 2 de abril de 2019
Sobre a #CINEMARX descobri que houve uma censura ao documentário feito pelo @brasil_paralelo nas salas da empresa @cinemarkoficial sob o pretexto de não divulgar filmes políticos etc. Ao passo que na época do filme "Lula, o filho do Brasil" o julgamento foi outro. Lamentável.
— Rodrigo 🇧🇷🇻🇦 (@rodrigonosci) 2 de abril de 2019
Não acredito na eficácia do boicote. A luta pela exibição do filme deve ser levada à Justiça. É censura sob desculpa esfarrapada. O grupo é ou está só pressão da esquerda. O veto foi ideológico. #BoicoteCinemark
— Sérgio Camargo (@scamarsn) 2 de abril de 2019
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Estou realmente apavorado com a censura imposta pela rede Cinemark ao documentário do Brasil Paralelo no Rio no domingo 31/03/19.
— Anderson Leão (@euandersonleao) 2 de abril de 2019
Nunca mais piso em um cinema desta rede! #BoicoteCinemark