O ministro Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), falou sobre o acordo de fusão entre Embraer e Boeing, afirmando que o governo quer "o melhor possível para o País, e não está pensando em interromper a negociação". A afirmação foi feita nesta segunda-feira (7), após a solenidade de posse dos presidentes dos bancos públicos
.
A declaração de Heleno tranquilizou o mercado. Na última sexta-feira (4), a fala do presidente Jair Bolsonaro (PSL) , que chamou a Embraer de "patrimônio nacional", havia questionado os termos do acordo entre Embraer e Boeing .
Com a afirmação do presidente, as ações da fabricante brasileira chegaram a sofrer quedas na segunda-feira (7), mas terminaram em alta após a fala do ministro Heleno.
Entenda o acordo entre Embraer e Boeing
A Embraer aceitou vender 80% de sua principal divisão, de aviação comercial, para a formação de uma joint venture com a norte-americana Boeing. O acordo permite, ainda, que a Embraer possa mais adiante vender os 20% restantes à gigante americana, o que Bolsonaro entende como "deixar que em cinco anos tudo seja repassado para o outro lado".
O Sindicato dos Metalúgicos de São José dos Campos também se manifestou sobre o assunto, dizendo que vê a negociação como "entrega" de patrimônio , algo que afetaria a "soberania nacional".
O acordo depende do aval do governo brasileiro, que entende que "foi colocada a necessidade de se estudar se essa é a fórmula ideal ou se nós podemos pleitear outro tipo de solução", segundo Augusto Heleno. De acordo com ele, o grande empecilho para a aprovação da fusão é esse dispositivo que permitiria a venda dos 20% que continuariam com os brasileiros.
Em caso de aprovação, a Embraer terá poder de decisão para temas específicos que foram definidos em conjunto, como a transferência das operações do Brasil. A empresa espera um resultado de aproximadamente US$ 3 bilhões com a operação. O negócio é avaliado em cerca de US$ 5,26 bilhões.
Por que Embraer e Boeing decidiram se unir?
Enquanto a empresa norte-americana é a principal fabricante de aeronaves comerciais para voos longos, a Embraer lidera o mercado de jatos regionais, com aeronaves equipadas para voar distâncias menores.
A Boeing é uma empresa cuja receita é cerca de 16 vezes maior do que a da Embraer. Em 2017, a brasileira teve arrecadação de US$ 5,8 bilhões, enquanto a empresa americana arrecadou US$ 93,3 bilhões.
Leia também: Bolsonaro e Paulo Guedes são "best friends", garante general Heleno
Embraer e Boeing buscam, juntas, unir o melhor de cada uma e organizar uma grande e forte empresa, que seja capaz de competir internacionalmente e se destacar no setor de aviação. O acordo, entretanto, ainda depende da aprovação do governo brasileiro, que é dono de uma "golden share" (ação exclusiva imposta pelo Estado) na fabricante brasileira, ou seja, tem poder de veto em decisões estratégicas, como no caso da transferência de controle acionário da empresa, o ponto questionado por Bolsonaro e reiterado por Augusto Heleno.