Covid-19: Mundo está no caminho para a nova Grande Depressão
Comércio pode encolher até 32%; no melhor dos cenários, porém, vai cair 13%
Por iG Último Segundo |
08/04/2020 20:15:29
O comércio internacional foi drenado, como resultado da pandemia da Covid-19, e pode estar a caminho de um colapso tão grave quanto o da Grande Depressão dos anos 30, informou a Organização Mundial do Comércio (OMC).
A OMC, responsável pelo monitoramento do sistema global de comércio, disse que mesmo o cenário mais otimista para 2020 é que o comércio encolherá 13% , uma queda maior do que na recessão de 2008/09 causada pela crise bancária.
O colapso do comércio global durante a década de 1930 foi, em parte devido, às medidas protecionistas impostas pelos países desenvolvidos, e o chefe da OMC, Roberto Azevêdo, alertou que colocar barreiras em resposta à Covid-19 pioraria a situação.
"Esses números são muito ruins, não há como contornar isso. Mas uma recuperação rápida e vigorosa é possível. As decisões tomadas agora determinarão a forma futura das perspectivas de recuperação e crescimento global", disse Azevêdo em entrevista.
Apesar de não mencionar nenhum país pelo nome, o diretor-geral da OMC deixou claro que o fim da tensão comercial entre os EUA e a China ajudaria a minimizar
as consequências da pandemia.
"Precisamos lançar as bases para uma recuperação forte, sustentada e socialmente inclusiva. O comércio será um ingrediente importante aqui, juntamente com a política fiscal e monetária", afirmou.
Para ele, inevitáveis declínios no comércio e na produção terão conseqüências dolorosa s para famílias e empresas, além do sofrimento humano causado pela própria doença.
"O objetivo imediato é controlar a pandemia e mitigar os danos econômicos a pessoas, empresas e países. Mas os formuladores de políticas devem começar a planejar as consequências."
A OMC disse que o comércio já estava desacelerando antes do surto da Covid-19. Na sua perspectiva, o órgão disse que esperava uma recuperação do comércio no próximo ano, mas que era difícil dizer o quão vigoroso o retorno seria. O resultado dependeria amplamente da duração do surto e da eficácia das respostas políticas.
"Esta crise é, antes de tudo, uma crise de saúde, que forçou os governos a tomarem medidas sem precedentes para proteger a vida das pessoas", disse Azevêdo.