O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira que a crise no sistema financeiro não afetou a produção e o varejo brasileiros. Sobre a contração do crédito, que já chegou ao País, Lula questionou para onde foram os recursos que estavam no mercado.
"Essa crise já resultou num buraco de mais de US$ 3 trilhões (no mundo) e até agora o Brasil não quebrou, e até agora não estamos sentindo o efeito dessa crise na produção e nem no varejo. Nós estamos sentindo no crédito. Nós temos um problema de crédito porque eu não sei onde estão tantos trilhões de dólares que estavam voando de banco para banco, de papel para papel", afirmou, na comemoração dos 60 anos da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na capital paulista.
Lula comparou a situação a uma dança de cadeiras entre os banqueiros. "De repente, sabe aquela brincadeira em que colocamos cinco cadeiras e seis pessoas? E todo mundo senta nas cadeiras e um fica de pé? Eu acho que os banqueiros fizeram isso. De repente, o dinheiro desapareceu. Não tem crédito na Alemanha, na França, Inglaterra, Brasil. Onde foi esse dinheiro?", ironizou.
Lula disse que a crise é uma oportunidade para que o Estado passe a ter influência no sistema financeiro internacional e aproveitou para ironizar os críticos da participação do Estado na economia. "O mercado, que poderia resolver tudo, e que ditou regras nos últimos 30 anos à sociedade, no primeiro fracasso recorre ao paizão, que é o Estado", alfinetou.
O presidente afirmou que os países periféricos não estão envolvidos na crise financeira e estão dando solidez para a economia mundial. Ele reafirmou que o governo não lançará mão de um pacote, mas enfrentará os problemas de forma pontual, na esperança de que as ações anunciadas pelos bancos centrais norte-americano e europeus surtam efeito.
Lula citou que o Banco Central e a equipe econômica estão trabalhando com muito esforço para evitar que a crise afete o desenvolvimento do País. Ele ressaltou a importância da manutenção do crédito para a população, uma vez que o mercado interno é um instrumento fundamental para manter a economia aquecida.
"Tem gente que acha que sou muito otimista, que eu deveria falar com menos otimismo. Eu não posso. Imagine você visitar um companheiro no hospital que está em fase terminal, você sentar na beira da cama e dizer: ontem morreu um cara assim igual a você", comparou. "Ou o médico que está tratando o cidadão: olha, companheiro, eu acho que de amanhã você não passa. Desse seu negócio aí já morreram 20 nesse leito", acrescentou.
Lula citou que o governo já reforçou o crédito para a agricultura e que instituições como o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal estão fortalecidas e já adquiriram carteiras de crédito de bancos de investimento em dificuldades. "E vamos comprar mais", garantiu.
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