
A escassez de água é uma das questões que mais ameaçam a sobrevivência humana no planeta. Somente no Brasil existem 34 milhões de pessoas - quase um Canadá inteiro - sem acesso à água potável. Esta água que tanto faz falta para a população existe. Porém, está sendo jogada pelo ralo.
O Instituto Trata Brasil (ITB) publicou, nesta segunda-feira (24), o “Estudo de Perdas de Água 2025: Desafios na Eficiência do Saneamento Básico no Brasil” em que aponta a seguinte situação: o país desperdiça 40,31% da água tratada antes mesmo que ela chegue às torneiras. O levantamento mostra que as perdas nas redes somam 5,8 bilhões de metros cúbicos por ano — volume que equivale ao desperdício diário de 6.346 piscinas olímpicas.
Esta quantidade seria capaz de abastecer cerca de 50 milhões de pessoas. Ou seja: acima do número de habitantes sem acesso ao abastecimento de água no Brasil.
O estudo foi elaborado a partir de dados públicos do Sistema Nacional de Informações em Saneamento Básico (SINISA) e compreende uma análise de todos os Estados do Brasil, das 27 unidades da Federação, e também dos 100 municípios mais populosos do país (incluindo as capitais dos estados).
Como isso pode acontecer?
No processo de abastecimento de água, podem ocorrer perdas por vários motivos, como vazamentos, erros de medição e consumos não autorizados. Esses desperdícios trazem impactos negativos ao meio ambiente, à receita e aos custos de produção das empresas, o que deixa mais caro o sistema como um todo, prejudicando, em última instância, todos os usuários.
Porém, de acordo com o Trata Brasil, não é possível zerar as perdas de água. Por isso, existem limites técnicos em que algumas perdas são toleradas. No Brasil, a definição de nível aceitável de perdas de água foi definido pelo Ministério do Desenvolvimento Regional (MDR), que indica um nível máximo de 25% de perdas na distribuição. Portanto, há muito o que reduzir.
Para calcular os ganhos econômicos ao país pela redução de perdas, o estudo apresentou uma análise de três cenários: o otimista, o realista e o pessimista. Cada um deles responde à média nacional do nível de perdas a ser alcançada em 2034: 15% (cenário otimista), 25% (cenário realista) e 35% (cenário pessimista).
No cenário realista, o potencial de ganhos brutos com a redução de perdas de água é de R$ 34,6 bilhões até 2034. Caso sejam considerados os investimentos necessários para a redução de perdas, o benefício líquido gerado pela redução é da ordem de R$ 17,3 bilhões em 10 anos.
“Eventos como secas intensas, alterações nas chuvas e calor extremo têm agravado a escassez hídrica, afetando nossos rios e desafiando a capacidade do país em garantir o fornecimento de água para todos. Investir na redução de perdas de água e na modernização da infraestrutura hídrica não é apenas necessário, mas urgente", comentou Luana Pretto, presidente executiva do Trata Brasil.
* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG