Mariana Sgarioni

Boticário e WWF se unem para proteger corais brasileiros em risco

Coalizão Corais do Brasil foi lançada na COP30 para potencializar esforços da sociedade civil na proteção e restauração de ambientes de recifes

Corais da região de Porto de Galinhas (PE)
Foto: Filipe Cadena/Fundação Grupo Boticário
Corais da região de Porto de Galinhas (PE)

À primeira vista, eles parecem uma mistura de pedras coloridas com plantas que, juntas, formam colônias e povoam as águas dos oceanos. Porém, sua presença não é decorativa. Pelo contrário, é essencial. Se não fosse por eles, não existiriam peixes, nem crustáceos, nem baleias, nem nada vivo nos mares. 

Estamos falando dos corais.

Todas as espécies marinhas dependem dos corais para sobreviver e nós, humanos, também. Os corais são os responsáveis por acolher o maior número de biodiversidade em comparação a qualquer outro ecossistema do planeta e, segundo as Nações Unidas, são considerados as "florestas tropicais do mar". 

Por isso que a COP30 de Belém reservou momentos especiais para a discussão desta espécie tão importante e que está ameaçada de extinção. Em um evento marcante da conferência, foi lançada a Coalizão Corais do Brasil pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e pelo WWF-Brasil com o objetivo de reconhecer a importância dos corais para a biodiversidade, a proteção das cidades e comunidades contra eventos climáticos extremos, a segurança alimentar, e o equilíbrio do planeta.

“Os recifes de coral são ecossistemas fundamentais para a saúde do oceano e, infelizmente, estão criticamente ameaçados em todo o mundo, inclusive no Brasil. Com a Coalizão, esperamos avançar em iniciativas que estimulem o diálogo entre diferentes setores da sociedade, fortaleçam a construção de políticas públicas de conservação, incentivem uma comunicação qualificada e ampliem a valorização da biodiversidade e da zona costeira brasileira”, disse Malu Nunes, diretora executiva da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza (RECN), a esta coluna.

Proteção contra eventos extremos

“Vale destacar que, além do seu inestimável valor ecológico, os recifes de coral desempenham um papel decisivo na proteção das áreas costeiras, reduzindo os impactos de eventos extremos, como ressacas e tempestades. Um estudo da Fundação Grupo Boticário estima que essa proteção natural que esse ecossistema oferece alcance um valor de aproximadamente R$ 160 bilhões, considerando toda a infraestrutura costeira pública e privada beneficiada, como moradias, empresas e infraestrutura urbana”, completou Malu.

De acordo com a Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, a empresa direciona cerca de 25% do total investido em ações e iniciativas voltadas à conservação do oceano e seus ecossistemas. 


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Na prática, a Coalizão Corais do Brasil vai funcionar como um grande articulador nacional. Seu papel é conectar quem já está trabalhando pelos recifes, fortalecer essas iniciativas e identificar oportunidades ainda a serem exploradas. Serão cinco frentes de ações: articulação e governança; ciência e monitoramento; incidência em políticas públicas; comunicação e engajamento; e protagonismo das comunidades costeiras. 

“Uma das principais ameaças para os recifes de corais é o aquecimento do planeta e consequente aumento da temperatura das águas, uma pauta pertinente no contexto da COP30. Precisamos agir urgentemente para proteger esses ambientes de forma estratégica e coordenada”, concluiu Malu.

* Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG