
Agora falta pouco. Daqui a 30 dias, em 10 de novembro, será aberta oficialmente, em Belém do Pará, a COP 30, a primeira conferência do clima a ser realizada no coração da Amazônia, a maior floresta tropical do mundo.
A expectativa é alta, claro, pois é uma oportunidade de ouro para as ações climáticas finalmente saírem do papel e para o Brasil mostrar seu protagonismo nesta agenda. Porém, há muito a ser resolvido por aqui até lá, e a organização do evento está numa verdadeira corrida contra o relógio.
Apesar de o governo não gostar deste assunto - porque, sim, a COP 30 tem temas muito mais importantes para resolver - a crise logística em Belém está longe de ter sido sanada. E não há como negar que este problema pode comprometer o sucesso do evento.
De acordo com o ministro do Turismo, Celso Sabino, há 53 mil leitos garantidos para o evento. Porém, os valores de hospedagem na capital paraense seguem exorbitantes e muitas delegações oficiais estão desistindo de comparecer.
É o caso, por exemplo, da Áustria, que cancelou a vinda do presidente e de toda a comitiva. Pequenos países insulares reclamaram que não estão conseguindo pagar os valores em Belém, enquanto o ministro do Clima da Letônia, Kaspars Melnis, disse à agência Reuters nesta semana que o país perguntou se seus negociadores poderiam participar por videochamada.
Ainda há 81 países em negociações sobre quartos de hotel, enquanto outros 87 já reservaram acomodações, de acordo com a presidência brasileira da COP 30.
A preocupação, segundo o embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP 30, é que este problema dos altos preços acabem excluindo setores da sociedade civil e países mais pobres, diminuindo assim a representatividade e diversidade da conferência. E ele tem razão: Evans Njewa, presidente do grupo dos Países Menos Desenvolvidos, que representa as nações mais pobres do mundo nas negociações climáticas da ONU, disse recentemente que ainda está avaliando os planos de participação dos países.
Outra questão séria é o baixo número de NDCs (metas climáticas a que cada país se compromete) apresentadas até agora. Trata-se de uma obrigação a ser cumprida por todos os países que assinaram o Acordo de Paris. Porém, apenas 56 nações entregaram suas metas até agora dentro do prazo estipulado pelas Nações Unidas. É uma decepção, segundo o próprio Corrêa do Lago. Contudo, ele acredita que os países estejam elaborando NDCs mais complexas, por isso tanta demora.
"Sou um otimista", disse o presidente da COP 30, bem humorado.