Não se lambuze com a Bolsa de Valores!
O colunista Luís Artur Nogueira alerta para os riscos que a Bolsa ainda representa durante a pandemia
Por iG São Paulo | - Luís Artur Nogueira |
Olá, gravateiros e gravateiras. A pandemia do novo coronavírus vem provocando fortes emoções nos investidores de Bolsa de Valores. Em janeiro, o ano parecia muito promissor, com previsões de crescimento de 2,5% para a economia brasileira. O efeito, é claro, seria muito positivo para a renda variável. Porém, infelizmente, surgiu um furacão chamado Covid-19 que arrasou os investimentos de muita gente. Nas últimas semanas, entretanto, vem chamando a atençãovuma forte recuperação no valor das ações. É hora de entrar (ou voltar) com tudo na Bolsa?
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Em primeiro lugar, vamos entender como vem se comportando essa montanha russa. O Ibovespa (principal índice da Bolsa de Valores de São Paulo) encerrou 2019 com 115.645 pontos. No dia 23 de janeiro, chegou ao pico de 119.527 pontos, uma valorização de 3,3%. Diante da pandemia mundial, as semanas seguintes registraram fortes quedas, com o Ibovespa chegando a 63.569 pontos no dia 23 de março – um tombo de 46,8% em relação ao pico.
Naquele instante, bateu o desespero em muitos investidores que haviam exagerado em suas apostas na renda variável. Como sempre ocorre em momentos de crise, o trauma acaba afastando pessoas da Bolsa por muito tempo, mas a forte queda também abre boas oportunidades para compras.
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Pelos números oficiais da B3, houve uma saída em massa de investidores estrangeiros e uma entrada expressiva de investidores nacionais nesta crise. O “otimismo” do brasileiro catapultou o Ibovespa para 97.644 pontos na última segunda-feira (8/6), um salto incrível de 53,6% em plena pandemia. Parece maluquice, mas muita gente já ganhou rios de dinheiro nesta crise.
Voltando à questão levantada no fim do primeiro parágrafo deste artigo, é difícil cravar se esse é o momento ideal para entrar (ou voltar) com tudo na Bolsa. Do ponto de vista dos 63 mil pontos, em março, ela ficou cara. Pior ainda se olharmos a recessão econômica já contratada. Por outro lado, do ponto de vista dos 119 mil pontos, em janeiro, ela ainda está barata. Melhor ainda se observarmos o mar de dinheiro sendo injetado na economia mundial. Qual cenário prevalecerá? É impossível prever.
Se você é um pequeno investidor, sugiro cautela. Com juros baixos, a Bolsa deve ser utilizada como um instrumento de diversificação dos seus investimentos, mas não como especulação. Especular é para profissionais do mercado financeiro.
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Minha recomendação continua sendo a de alocar, no máximo, 30% dos seus recursos em Bolsa
. Se você é iniciante, sugiro apenas 10%. Assim, se as ações caírem, não vai doer tanto. Se subirem, o ganho será bem-vindo. Não vá com muita sede ao pote. A alta da Bolsa pode parecer deliciosa como mel, mas lembre-se de que quem nunca comeu melado, quando come se lambuza.