Como conseguir um emprego que exige experiência sem ter uma primeira oportunidade? A solução para o questionamento que atormenta muitos desempregados — sobretudo os jovens, que representam a maior parte do contingente sem carteira assinada — pode estar no trabalho voluntário.
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Dedicar algumas horas a atividades beneficentes por meio do trabalho voluntário é uma forma de desenvolver competências consideradas um diferencial competitivo, criar uma rede de relacionamento que pode render bons frutos para a carreira e gerar impactos positivos para sociedade, o que tem sido cada vez mais valorizado pelas empresas.
Que o diga o profissional de marketing e estudante de Publicidade e Propaganda Lucas Mendes, de 24 anos. No ano passado, ele estava fora do mercado quando se voluntariou a atuar nos bastidores do congresso de gestão de pessoas RH Rio, para dar suporte à equipe operacional. Graças a um contato feito no evento, o rapaz voltou para casa com uma promessa de estágio, que se concretizou três meses depois.
"Ao me candidatar ao voluntariado , meu propósito era contribuir para o sucesso do congresso e fazer networking . Acabei reencontrando uma pessoa com quem eu já tinha realizado um projeto e contei que estava buscando recolocação. Ela me falou que uma vaga deveria abrir em breve e que me chamaria para ocupá-la", lembra Lucas Mendes, que agora é estagiário de marketing na Associação Brasileira de Recursos Humanos do Rio de Janeiro (ABRH-RJ). "Além dessa, recebi propostas de outros contatos. Quando se faz algo com intenção de ajudar, sem esperar ganhar algo em troca, o universo conspira a favor", afirma.
Ganho em conhecimento, empatia e responsabilidade
Outra história de sucesso é a do estudante de Administração Fabio Araujo, de 22 anos. Em 2013, ele conheceu a ONG Junior Achievement enquanto cursava o ensino médio no Colégio Estadual André Maurois, no Leblon, Zona Sul do Rio, ao participar de um projeto desenvolvido pela organização dentro da escola. Depois disso, engajou-se em trabalhos voluntários promovidos pela entidade, que fomenta o empreendedorismo juvenil. Foi assim que o morador do Vidigal aprimorou habilidades e entrou em contato com pessoas que foram decisivas para que conseguisse uma vaga com carteira assinada na Rio-2016.
"No voluntariado, aprendi a gerenciar projetos, administrar conflitos, trabalhar em equipe e lidar com situações de estresse. Eu me tornei mais responsável e, além disso, aprimorei a resiliência e a capacidade de comunicação. É uma experiência muito rica para um jovem. A gente entra de um jeito e sai de outro" diz Fabio. "Por mais que não se receba nada monetariamente, ganha-se muito conhecimento. As competências que eu adquiri foram fundamentais para a realização das minhas funções nos Jogos Olímpicos", continua.
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"O trabalho voluntário desenvolve empatia, organização e motivação. Também lapida o autoconhecimento, porque percebe em quais atividades se destaca e consegue aplicar isso melhor na vida profissional", analisa a psicóloga Patrícia Pacheco, diretora da ABRH-RJ.