Com a chance de a economia da China superar a dos EUA em breve, americanos fazem com que os filhos aprendam mandarim mais cedo
O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê que a China se tornará a maior economia do mundo até 2016. O país já ultrapassou a Alemanha e o Japão nos últimos dois anos, ficando atrás somente dos Estados Unidos. Nesse raciocínio, o legendário investidor americano Jim Rogers foi um dos pioneiros na mania da babá chinesa em Nova York.
Futuro é a Ásia, diz investidor
Quando sua filha Hilton Augusta nasceu em 2003, Rogers e sua mulher, Paige Parker, não pensaram duas vezes: entrevistaram dezenas de babás em mandarim, com a ajuda de amigos chineses em Nova York, e vêm educando a menina e sua irmã, nascida em 2008, com a ajuda de babás chinesas. “A maior parte das babás chinesas em Nova York vêm do campo e não falam mandarim corretamente, mas cantonês. Nós não queríamos isso. Queríamos que ela aprendesse corretamente o mandarim, que é a língua usada na política e em negócios”, explicou o investidor em 2005 à revista "New York" .
Rogers acredita tanto no futuro da Ásia e da China, que em dezembro de 2007 vendeu a sua mansão em Nova York e se mudou para Cingapura. A escolha do país é uma alternativa às ultra poluídas Hong Kong, Pequim e Shanghai. “Se você fosse esperto em 1807, você se mudaria para Londres. Se você esperto em 1907, você iria morar em Nova York. E se você for esperto hoje, você vai para a Ásia”, disse na época da sua mudança. “Na Ásia, as pessoas estão muito concentradas e motivadas, e eu quero viver e quero que as minhas filhas cresçam em um ambiente assim”, explicou.
As agências de babás em Nova York já se habituaram com moda asiática. “Até a virada do século, a tendência era contratar babás que falassem espanhol ou francês. Há cerca de dez anos, a procura por babás asiáticas e chinesas vem aumentando anualmente”, confirma Seth Greenberg, diretor da Pavillion Agency, agência de luxo que serve algumas das famílias mais ricas de Nova York.
“Para os meus clientes, não existe uma separação formal entre trabalho e vida social. São pessoas muito ocupadas e estão envolvidas com trabalho e conversas que podem virar oportunidades de trabalho o tempo todo, mesmo quando estão em casa ou entre amigos. Por isso é natural que seus filhos, mesmo nos horários de lazer, enquanto brincam, aprendam outra língua”, explica.
Yali trabalha como babá de uma menina americana de dois anos. Ela se mudou para os Estados Unidos há cinco, e vive em Nova York com seu marido e seu filho de seis anos. Ironicamente, Yali e seu marido mudaram de país porque queriam dar melhores oportunidades ao menino. Mas também porque querem ter outro bebê, e, apesar das recentes mudanças na lei do país, ter um segundo filho na China ainda é um tabu e custa muito caro.
“Eu nunca havia trabalhado, não tinha aprendido uma profissão. Mas depois de ter meu filho, aprendi a cuidar de crianças, e isso virou o meu trabalho”, explica Yali, enquanto passeia com sua cliente no Central Park. A babá ganha 30% a mais que a sua colega paraguaia, Lisa, exatamente por falar mandarim. A menina chega correndo, abraça Yali e diz algo incompreensível à baba. “Ela precisa ir no banheiro”, traduz. “Elas aprendem muito rápido nessa idade”.
Erin Huff, dona da agência de babás Abigail Madison Agency & Household Staffing explica que o salário de uma babá normal varia entre US$ 15 e US$ 20 por hora. Mas se ela falar mandarim, esse valor pode chegar até US$ 35 por hora. Ela diz ainda que a maior parte dos casais à procura de babás chinesas é de classe média e classe média alta, no qual os dois, mãe e pai, trabalham. “É interessante notar que na maioria dos casos, não são mães que não trabalham. São pessoas muito ligadas ao mundo profissional e que dão valor a uma educação competitiva, por isso eles querem oferecer todas as ferramentas que poderão ser úteis a seus filhos no futuro”, afirma.
“Funciona de forma simples. A babá se aproxima das babás das famílias que seus patrões querem conhecer. Depois de um tempo, as crianças começam a frequentar o parque no mesmo horário e começam a brincar juntas, pois as babás se sentam juntas para conversar. Eventualmente, isso vai acabar colocando as duas famílias no mesmo recinto, e oportunidades de investimento e trabalho podem ser criadas”, exemplifica o funcionário.
Outra razão pela qual babás chinesas são tão requisitadas em Nova York e em outras capitais americanas é porque milhares de famílias americanas adotaram meninas chinesas nos últimos 20 anos, e querem que essas meninas continuem pelo menos um pouco ligadas à cultura do país onde nasceram.