Arroba do boi gordo ultrapassa a marca R$ 300 e bate recorde
Alta demanda externa e baixa oferta mantém alta dos preços. Cenário é favorável para exportação, mas preocupada especialistas no mercado interno.
Os preços da arroba bovina fecharam o mês de janeiro batendo recorde, desde que se iniciou a série histórica em 2004 , mantendo a tendência de alta no começo de fevereiro, com a cotação em algumas praças de São Paulo chegando a R$ 301.
O cenário é positivo para quem exporta, principalmente se considerarmos a alta cotação do Dólar em relação ao Real e o aumento na demanda mundial, onde diversos sistemas produtivos foram impactados pela pandemia , ao contrário do Brasil, que conseguiu manter o ritmo de crescimento do agronegócio neste período.
No outro lado da moeda está o mercado interno. Dados do setor apontam que cerca de 30% da carne brasileira é exportada, ficando para o mercado interno a responsabilidade de consumir 70% de toda proteína bovina produzida no país.
Com o preço da carne rompendo barreiras históricas, os frigoríficos têm dificuldades em manter suas margens de lucro sem aumentar o valor do produto que será colocado nas gôndolas.
A renda média do brasileiro diminuiu com a pandemia - que gerou forte desemprego ou redução de jornada . O fim do auxílio emergencial também deve impactar no poder de consumo, inviabilizando qualquer margem para ajuste de preços ao consumidor final.
Enquanto o valor da arroba subiu mais de 50% em um ano, o preço médio de 22 cortes analisados no atacado caiu 0,3% no acumulado da última semana. Os cortes traseiros (de maior valor agregado) caíram 0,6%; já os cortes dianteiros tiveram alta de 0,4%, segundo levantamento da Soct Consultoria , divulgado em 01 de fevereiro.
Ao menos por enquanto, não parece que haverá uma queda expressiva de preços no curto prazo. Janeiro é um mês tradicionalmente com baixa oferta de boiadas para venda.
Outro fator que chama atenção é a alta retenção de matrizes para reposição. Com o mercado aquecido e oferta menor do que a demanda, o produtor quer aumentar seu plantel para produzir mais, gerando uma menor oferta de novilhas e vacas para o abate.