(Arquivo) Logo da BYD na Feira Automotiva de Pequim, em 25 de abril de 2024
Pedro PARDO
(Arquivo) Logo da BYD na Feira Automotiva de Pequim, em 25 de abril de 2024
PEDRO PARDO

Mais de 160 trabalhadores chineses foram resgatados “em condições análogas à de escravos” no canteiro de obras de uma fábrica da gigante de carros elétricos BYD em Camaçari, na região metropolitana de Salvador (BA), informaram as autoridades locais.

A filial brasileira da montadora chinesa, BYD Auto do Brasil, anunciou, em nota, na noite de segunda-feira (23), que rescindiu com efeito imediato o contrato da empresa terceirizada responsável pela obra, a Jinjiang Construction Brazil Ltda.

O local em questão fica em Camaçari, no estado da Bahia, onde está em construção a maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia.

As obras foram suspensas em parte do canteiro por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia.

Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que levaram à identificação de “163 trabalhadores em condições análogas à de escravidão na empresa terceirizada Jinjiang, uma prestadora de serviços para a BYD”.

Um porta-voz do MPT disse à AFP, nesta terça-feira (24), que todos os trabalhadores resgatados eram chineses.

No comunicado, o MPT denunciou “um quadro alarmante de precariedade e degradância” para os trabalhadores.

Em um dos alojamentos, os trabalhadores “dormiam em camas sem colchões e não possuíam armários para guardar seus pertences pessoais, que ficavam misturados com materiais de alimentação”, acrescentou.

O MPT reportou que a "situação sanitária era especialmente crítica, com apenas um banheiro para cada 31 trabalhadores, forçando-os a acordar às 4h para formar fila e conseguir se preparar para sair ao trabalho às 5h30".

Durante a obra, os "trabalhadores estavam expostos a intensa radiação solar, apresentando sinais visíveis de danos à pele".

O MPT também informou suspeitas de "trabalho forçado", já que os trabalhadores da China “tiveram seus passaportes retidos” e seu empregador confiscava “60% de seus salários”, ficando com os operários "apenas 40% em moeda chinesa”.

Segundo o MPT, uma audiência foi marcada "para que a BYD e a Jinjang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e também para que sejam negociadas as condições para a regularização geral do que já foi detectado".

A BYD Auto do Brasil garantiu que “não tolera o desrespeito (...) à dignidade humana” e disse que transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região.

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