Brasil comemora crescimento 'robusto' do PIB e espera melhorar previsões para 2024

O governo federal comemorou, nesta terça-feira (3), um crescimento "robusto" da economia brasileira após os dados do terceiro trimestre mostrarem uma expansão de 0,9% em relação ao trimestre anterior e de 4% na comparação...

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma reunião no Palácio do Planalto, em 27 de novembro de 2024, em Brasília
Foto: Sérgio Lima
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, discursa diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante uma reunião no Palácio do Planalto, em 27 de novembro de 2024, em Brasília
Sergio Lima

O governo federal comemorou, nesta terça-feira (3), um crescimento "robusto" da economia brasileira após os dados do terceiro trimestre mostrarem uma expansão de 0,9% em relação ao trimestre anterior e de 4% na comparação com o mesmo período de 2023.

O crescimento do trimestre passado foi impulsionado pela indústria, serviços e gastos das famílias, segundo dados oficiais.

O resultado reflete um crescimento de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país em relação ao terceiro trimestre de 2023, uma boa notícia para o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que enfrenta a desconfiança dos investidores sobre sua capacidade de controlar os gastos públicos.

Nos primeiros nove meses do ano, o PIB acumula um crescimento de 3,3%.

"Continuamos com o PIB crescendo e criando mais emprego e renda na mão dos brasileiros ", comemorou Lula na rede social X.

O Ministério da Fazenda celebrou um ritmo de crescimento “robusto" e estimou que a projeção de crescimento para 2024 "deverá ser revisada para cima", segundo uma nota da Secretaria de Política Econômica.

O crescimento do PIB no período de julho a setembro foi, no entanto, inferior ao do primeiro (+1,1%) e do segundo trimestre (+1,4%), conforme os dados publicados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O dado superou levemente as expectativas das instituições financeiras consultadas pelo jornal econômico Valor, que previam uma expansão de 0,8% trimestre sobre trimestre.

- "Sinais de resiliência" -

No nível setorial, o desempenho da economia brasileira no terceiro trimestre foi marcado pelo avanço dos serviços (0,9%) e da indústria (0,6%).

Esse impulso compensou uma queda na agricultura (-0,9%), que enfrentou este ano eventos climáticos extremos, como secas recordes em várias regiões e severas inundações em abril e maio no sul do Brasil.

Também contribuíram para o crescimento o gasto das famílias (+1,5%) e do governo (+0,8%), indicou o IBGE.

Os dados confirmam uma recuperação econômica após um crescimento quase nulo no segundo semestre de 2023.

"A atividade econômica continua mostrando sinais de resiliência no curto prazo", disse o analista André Perfeito.

Enquanto isso, o desemprego no Brasil registrou seu nível mais baixo desde 2012 no trimestre de agosto a outubro (6,2%).

Mas o país enfrenta desafios conjunturais.

- Dólar alto -

Apesar dos dados sólidos de PIB e emprego, os investidores desconfiam da capacidade do governo de Lula de cumprir sua meta de déficit fiscal primário (sem incluir o pagamento da dívida) zero para este ano, com uma margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do PIB.

Na semana passada, o ministro da Fazenda anunciou um pacote de medidas de economia de R$ 70 bilhões até 2026.

Mas, em paralelo, indicou que os cidadãos de renda média serão beneficiados com uma redução de impostos, o que gerará uma queda previsível na arrecadação, criticada por analistas financeiros, embora o governo afirme que a compensará com um aumento de impostos para os mais ricos.

O mercado caiu e o dólar superou, pela primeira vez na história, a barreira de 6 reais. Nesta terça-feira, o valor da moeda americana se mantinha levemente acima desse nível.

A redução de impostos pode reforçar outro problema da economia: a inflação, que subiu em outubro para 4,76% em 12 meses, acima do limite de 4,50% da margem de tolerância oficial.

A inflação foi o principal argumento do Banco Central para iniciar em setembro um ciclo de ajuste que elevou a taxa de juros duas vezes consecutivas, para 11,25%.

Um aumento das taxas de juros significa encarece o crédito e desestimula o consumo e o investimento, o que reduz as pressões sobre os preços. Porém, ao mesmo tempo, tira dinamismo da economia.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, o PIB brasileiro crescerá 3% em 2024, acima da média de 2,1% prevista para a América Latina e o Caribe.

Enquanto isso, o mercado espera um crescimento da economia de 3,22% em 2024.

AFP