Inflação a 12 meses nos EUA sobe para 2,3% em outubro

A inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos subiu para 2,3% em outubro, no momento em que os aumentos de tarifas prometidos por Donald Trump despertam...

Uma imagem do presidente eleito Donald Trump em Wall Street, em 26 de novembro de 2024, Nova York
Foto: TIMOTHY A. CLARY
Uma imagem do presidente eleito Donald Trump em Wall Street, em 26 de novembro de 2024, Nova York
TIMOTHY A. CLARY

A inflação acumulada em 12 meses nos Estados Unidos subiu para 2,3% em outubro, no momento em que os aumentos de tarifas prometidos por Donald Trump despertam temores de uma escalada nos preços.

A variação, contra 2,1% em setembro, está alinhada com as expectativas do mercado, segundo o índice PCE, o mais importante para determinar a política monetária, divulgado nesta quarta-feira (27) pelo Departamento de Comércio.

Na comparação mensal, a inflação permaneceu em 0,2%, também conforme as previsões do mercado.

A renda das famílias americanas aumentou mais do que em setembro, com um crescimento de 0,6%, comparado a 0,3% no mês anterior. Por outro lado, os gastos cresceram menos em outubro (0,4%) do que em setembro (0,6%).

O aumento da inflação é explicado pelo setor de serviços, no qual os preços subiram 3,9% em relação ao ano passado. Já os preços dos bens caíram 1% em 12 meses.

Apesar desse pequeno aumento no PCE, os valores continuam próximos da meta de 2% ao ano que o Federal Reserve (Fed), o banco central americano, persegue.

Excluindo os preços voláteis de energia e alimentos, a inflação subjacente foi de 2,8% no ano até outubro, contra 2,7% em setembro. A inflação subjacente registrou 0,3% na comparação mês a mês com setembro.

Os dados anteriores de inflação, divulgados pelo índice de preços ao consumidor (IPC), também mostraram um aumento em outubro, para 2,6% ao ano, contra 2,4% em setembro.

- Inflação, taxas de juros e tarifas-

O Fed tem uma missão dupla: controlar a inflação e manter o pleno emprego. Sua principal ferramenta é a taxa de juros, com a qual atua sobre a demanda por bens e serviços.

A instituição tenta conter os aumentos de preços que desde 2021 têm afetado o bolso dos americanos. Para isso, aumentou as taxas de juros para encarecer o crédito e, assim, desestimular o consumo e o investimento, que pressionam os preços.

O Fed, no entanto, iniciou há poucas semanas um ciclo de flexibilização, com dois cortes nas taxas, que hoje estão em uma faixa de 4,50%-4,75% ao ano.

A economia como um todo continua apresentando uma tendência muito positiva, o que levou os responsáveis pela instituição a considerar "avançar gradualmente para uma taxa neutra", de acordo com as atas do Comitê de Política Monetária (FOMC) do banco central americano publicadas na terça-feira.

De acordo com a teoria econômica, uma taxa de juros neutra ou natural é o nível em que a taxa de juros não tem um efeito nem restritivo nem expansivo sobre a economia.

"A inflação diminuiu consideravelmente", disse o presidente da Fed, Jerome Powell, após a última reunião de política monetária, mas "o trabalho não terminou".

A próxima reunião da Fed ocorrerá nos dias 17 e 18 de dezembro.

Dois terços dos agentes de mercado esperam um novo corte nas taxas, mas um terço acredita que o Fed manterá as taxas de juros no nível atual, de acordo com uma pesquisa do CME Group.

- Visões diferentes -

A inflação voltou a "um nível semelhante ao anterior à pandemia, enquanto a nossa economia continua crescendo quase 3% ao ano", destacou a principal assessora econômica da Casa Branca, Lael Brainard, após a divulgação dos dados da inflação.

"Vamos aproveitar estes avanços e reduzir os custos de bens essenciais como habitação e medicamentos, em vez de desperdiçarmos com políticas radicais que aumentariam os preços para as famílias trabalhadoras", defendeu.

Os aumentos de tarifas e expulsões em massa de migrantes anunciados por Donald Trump, quando assumir em janeiro, podem impulsionar a inflação para cima.

O presidente eleito confirmou na segunda-feira que quer impor, já a partir do próximo dia 20 de janeiro, quando será sua posse, tarifas aduaneiras de 25% sobre todos os produtos de México e Canadá que chegarem aos Estados Unidos.

"Desde a gasolina até os produtos do supermercado, as perigosas medidas tarifárias de Trump fariam os preços dos bens de consumo cotidiano subirem como flechas e apagariam os avanços que fizemos na questão da inflação", disse em um comunicado Brendan Boyle, membro democrata da Câmara dos Representantes e integrante do Comitê de Orçamento da casa.

Essa possibilidade é ainda mais provável porque a economia permanece particularmente sólida.

O crescimento, igualmente, foi ligeiramente moderado no terceiro trimestre, para 2,8% na projeção anual, de acordo com a segunda estimativa do PIB publicada na quarta-feira pelo Departamento de Comércio.

Este dado ainda está abaixo dos 3% do segundo trimestre.

Na comparação com o trimestre anterior, a expansão foi de 0,7%.

"Com um crescimento saudável do PIB e um mercado de trabalho sólido, os responsáveis pelo Fed estão atentos para que uma redução muito rápida" das taxas de juros "não estimule a inflação", resumiu Oren Klachkin, economista da seguradora Nationwide.

AFP