Ludovic MARIN
O presidente Emmanuel Macron afirmou nesta segunda-feira (18), no Rio de Janeiro, que a França "não está isolada" em sua oposição às condições atuais do projeto de acordo comercial entre a União Europeia (UE) e o Mercosul.
"Por ter sido negociado há muitas décadas, baseia-se em condições prévias que estão desatualizadas", disse Macron, que lançou a ideia de "repensar a relação com essa sub-região, seja o Mercosul ou, talvez, o Brasil, porque entendo que a Argentina talvez não tenha interesse em fazê-lo em um marco regional".
Com o apoio de países como Alemanha e Espanha, a Comissão Europeia espera assinar ainda neste ano o acordo de livre-comércio negociado desde 1999 pela UE e os países fundadores do Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai), mas enfrenta a forte oposição da França, que defende seu poderoso setor agrícola.
Macron disse que "propôs" ao presidente brasileiro realizar "novos trabalhos para tentar desenvolver um marco de investimento conjunto, mas que proteja" as agriculturas francesa e europeia.
"Realmente não queremos importar produtos agrícolas que não respeitem as regras que nós mesmos nos impusemos" em matéria ambiental e sanitária, ressaltou o presidente francês.
Agricultores lançaram hoje na França um novo protesto contra o acordo, que veem como uma ameaça ao seu futuro.
Se a Comissão Europeia assinar o tratado sem o aval da França, Paris precisaria formar com outros países uma "minoria de bloqueio" para impedir a aprovação do texto. Essa opção exigiria que pelo menos 4 dos 27 países da UE se opusessem ao acordo comercial, desde que o peso dos apoiadores do texto não alcance 65% da população do bloco europeu.
A Itália se somou hoje à oposição ao acordo. "Ao contrário do que muitos pensam, a França não está isolada, e muitos países nos acompanham", afirmou Macron.